onibus rosaEm uma votação tumultuada, o projeto de lei que prevê a criação de ônibus exclusivos para mulheres em Curitiba foi retirado da pauta da Câmara de Vereadores por 50 sessões nesta terça-feira (17). O requerimento que adiou a apreciação da matéria foi proposto pelo autor do projeto, vereador Rogério Campos (PSC). Ele afirmou estar despreparado psicologicamente para a discussão da proposta. A decisão dos vereadores não foi bem aceita pelo público que acompanhava a votação, que chegou a ser suspensa por duas vezes.

As manifestações eram pela votação e rejeição da proposta. Confusão também por parte da Mesa Diretora da Casa, presidida pelo vereador Tito Zeglin (PDT), que realizou a votação do requerimento quatro vezes.

O projeto prevê que 20% da frota de biarticulados e ligeirinhos devem ser destacados para uso exclusivo das mulheres nos horários de pico – entre as 6h e as 9h, e entre as 17h e as 20h – com exceções aos fins de semana. Os ônibus devem ter cor diferente, preferencialmente cor-de-rosa, e as mulheres podem embarcar com crianças de até 12 anos, segundo a proposta. A proposta chegou a ser aprovada pela Comissão de Legislação, Justiça e Redação ainda em 2013, entretanto, a tramitação foi suspensa a pedido da Comissão de segurança Pública e Direitos Humanos, que avaliou que a proposta deveria ser mais debatida pela sociedade.

Além de argumentar que está despreparado psicologicamente para a votação, o vereador Rogério Campo afirmou ter sido hostilizado. “Tenho virado motivo de chacota, de sarros, onde eu chego as pessoas tratam-me com ironia, falam para eu baixar a bola, para eu ficar quieto”, disse o vereador.
Em Plenário, os vereadores Felipe Braga Côrtes (PSDB) e Professora Josete (PT) explicaram porquê são contrários a proposta. “Não podemos achar que separar as mulheres dos homens vai resolver os problemas de assédio e de discriminação. As mulheres querem ocupar os lugares públicos. O vereador pode até ter tido boa intenção, mas não é a forma de resolver o problema”, disse Josete.
Côrtes mencionou queo projeto possui vício de iniciativa já que cria custo ao poder público e, portanto, não poderia partir da Câmara. “Separação não vai servir para o fim da lei, o que precisa é de educação e punição”, acrescentou. Na mesma linha, a vereadora Carla Pimentel (PSC) também justificou o voto, dizendo ser contrária a segregação.

Violência
Para justificar o projeto, Campos, que já trabalhou como motorista e cobrador de ônibus, citou o aumento da população de Curitiba e os casos de violência contra mulheres noticiados pela imprensa nacional. O vereador relatou que já presenciou situações delicadas envolvendo passageiras. Segundo ele, na ocasião, ele chegou a parar o veículo, mas, o homem que teria abusado de uma usuária já havia descido. Ainda segundo o autor da proposta, modelos semelhantes já são utilizados em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, e as mulheres poderiam seguir utilizando os ônibus mistos, se assim preferirem.

Fonte: G1