Diego Henrique Raab Gonciero faz parte de uma triste estatística do futebol brasileiro. Ontem, completou-se um ano da sua morte, causada por uma rixa entre torcidas organizadas. Até agora, os responsáveis por sua morte não foram identificados pela polícia. Ele é uma das 23 vítimas que morreram por causa da violência no futebol brasileiro em 2012. E mais um dos casos que seguem impunes.

Em 1.º de julho de 2012, o torcedor de 16 anos estava em um churrasco na sede da torcida organizada Fúria Independente, do Paraná, da qual fazia parte há três anos. O evento era uma confraternização com a Torcida Jovem, do Sport. O time pernambucano estava na cidade para um confronto contra o Coritiba. Por volta das 13 horas, dois carros se aproximaram do local e dispararam cerca de 15 tiros contra os membros da facção. Um dos disparos atingiu o rapaz na cabeça. Ele não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital na mesma data.

À época, a suspeita dos investigadores da Delegacia de Homicídios era de que os disparos tinham sido feitos por membros da torcida Os Fanáticos, do Atlético, coirmã da Gang da Ilha, outra organizada do Sport que também estava em Curitiba, rival da Jovem.

Ontem, 365 dias depois de ter recebido o telefonema do hospital contando sobre a morte do filho, o soldado José Roberto Gonciero, 41 anos, ainda tem esperanças de que os culpados sejam encontrados e punidos. Desde a morte de Diego, ele mantém a rotina de ir ou telefonar para a Delegacia Móvel de Atendimento ao Futebol e Eventos (Demafe, que dá suporte à investigação) para saber se há novidades. Não vai se habituar em receber negativas. “Liguei na semana passada, me falaram para ligar daqui a um mês e assim vai. O mais difícil é saber que os bandidos estão soltos”, lamenta Gonciero.

O delegado Clóvis Galvão, responsável pela Demafe, diz que o inquérito “voltou à estaca zero”. Ele explica: “Tínhamos alguns suspeitos localizados, fizemos até escutas telefônicas deles. Mas, infelizmente, não conseguimos provar que tivessem cometido o crime”, diz, garantindo que a polícia seguirá em busca dos atiradores.

O irmão de Diego, o auxiliar de escritório Allison Raab Gonciero, 21 anos, não tem tanta certeza disso.

“Tenho a impressão que a polícia acha que se trata de um marginal que morreu. Mas não era. Nem saíamos de casa com as camisas da torcida para evitar problemas; deixávamos para vestir na sede da Fúria”, diz o rapaz, que foi quem levou o irmão para a organizada e que até hoje participa da bateria em dias de jogos.

“Não quis deixar a torcida, vou continuar tocando, em memória do Diego”, diz. O pai, José, voltou a frequentar os estádios não só para prestar homenagens ao filho morto como também para estar mais próximo do filho mais velho.

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Fonte: Gazeta do Povo / foto: Henry Milléo / Gazeta do Povo