Muitos brasileiros são contra o feriado do dia da Consciência Negra. Muitos brasileiros, pensando no feriado que perdem, querem que a data seja implantada em suas cidades também. Muitos brasileiros reclamam do excesso de feriados. Para quem não sabe a data não trata-se de um feriado nacional. Ela é “celebrada” em homenagem a morte de “Zumbi dos Palmares” ou Francisco, nome português que ganhou depois de ter vindo de Angola.

Dizem os historiadores que Zumbi foi criado desde criança por um padre e já aos 12 anos era mais letrado que a maioria dos nobres brasileiros sabendo entre outras coisas falar o latim fluentemente. Noves fora, Zumbi lutou contra a escravidão no Brasil, vendo que não conseguiria êxito nem na luta armada e menos ainda na luta política, fundou um local para abrigar negros que fugiram ou que tinha sua liberdade mas que queriam viver longe da escravidão.

Palmares que ficava onde atualmente é o estado de Alagoas, recebeu este nome pelo número de palmas que tinha no local, chegou a ter uma população de 20 mil pessoas. Enfim, Zumbi foi traído por um dos seus em 1675 alvejado por muitas balas. Teve a cabeça decepada e enviada para Recife onde ficou exposta em praça pública para servir de exemplo até que o tempo se encarregasse de sumir com o “exemplo”.

A história oficial e mais aceita pelos historiadores é esta. Há, e sempre há, outras correntes que defendem que o próprio Zumbi era uma espécie de coronel e tinha os seus próprios escravos. Mas a polêmica da história, a história cabe. O objetivo deste texto é perguntar: por que há tantas pessoas que criticam este feriado e não criticam os demais?

Por exemplo, em sendo laico o Brasil jamais poderia ter um feriado de Nossa Senhora Aparecida, por exemplo. Ninguém critica o feriado de Finados ou ainda o de Tiradentes, um herói tão contestado quanto o próprio zumbi. Observe que um era branco e militar, outro era negro e fugitivo, relação?

Cotas fora, feriados dentro, embalado pela data um vídeo circula no Youtube e é sucesso: Morgan Freeman falando ao 60 Minutes, programa de grande sucesso nos Estados Unidos, sobre o mês da consciência negra (lá é um mês apenas simbólico, não existe feriado). Freeman afirma que aquilo tudo é ridículo, que não há o mês da consciência branca. O apresentador pergunta então como se acabará com o racismo, Freeman responde que basta parar de falar sobre aquilo.

Pode ser Freeman, pode ser. Mas é fato que a todo momento somos lembrados por todos os segmentos da sociedade como os brancos foram maus escravizando negros e como os negros são beneficiados com cotas nas universidades e concursos. Afinal, há razão com qualquer um dos lados?  O Brasil está mesmo livre da chaga do racismo? Com a lei de cotas estamos apenas fazendo um resgate histórico dos prejudicados ou estamos incitando um pensamento e atitude racista? São perguntas que cada um de nós deve responder por si só, mas que o fato de contestarmos um feriado e não contestarmos outros serve de mote para essa discussão, isso serve.

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