dores mãos doençaFormigamento e dores nas mãos, dificuldade em segurar objetos ou abotoar botões, fraqueza ou dor nos punhos, são sintomas que podem passar despercebidos quando nos acostumamos aos movimentos repetidos diariamente no computador, mas, se constantes, podem ser os primeiros sinais de uma das doenças mais frequentes nas mãos, principalmente nas mulheres, a Síndrome do Túnel do Carpo.

O nome pode parecer estranho, mas a doença é cada vez mais comum. A neuropatia que causa dormência, dor e desconforto na mão afeta cerca de 75 milhões de pessoas em todo o mundo. O médico neurocirurgião Paulo Porto de Melo garante que os tratamentos de STC geralmente têm sucesso, mas o diagnóstico precoce é importante.

“Muitas doenças ocupacionais e inflamatórias no membro superior podem simular os sintomas da Síndrome do Túnel do Carpo, e podem inclusive gerar alterações no exame. Portanto, uma consulta médica detalhada com um exame clínico específico é fundamental para o diagnóstico correto e, consequentemente, um tratamento adequado”, explica o especialista, colaborador do Departamento de Neurocirurgia da Universidade de Saint Louis (Missouri- EUA), introdutor e pioneiro da neurocirurgia robótica no Brasil.

L.E.R é a principal causa da STC – No centro do punho há um espaço denominado túnel do carpo, onde um nervo importante (o nervo mediano) e nove tendões vão do antebraço até a mão.

A parte superior desse túnel é formada por um forte ligamento, denominado ligamento transverso do carpo. Quando há edema no túnel do carpo, a pressão se acumula no nervo mediano, que fornece a maior parte da sensibilidade e do movimento aos dedos e ao polegar. Quando a pressão é forte o suficiente para comprimir o nervo mediano, pode ocorrer a STC. “A doença é comum em músicos, digitadores, escritores, pessoas que trabalham no computador e costureiras, justamente por serem atividades manuais ou que forçam uma mesma posição das mãos. Motivo que leva a lesão por esforço repetitivo (LER) a ser a principal causa da STC”, diz o neurocirurgião.

A síndrome, no entanto, também tem relação com alterações hormonais, como doenças da tireoide, diabetes e menopausa. Os sintomas são mais comuns à noite ou pela manhã pela baixa do estrógeno, que causa o acúmulo de liquido na membrana dos tendões, o que explica a doença ser mais frequente em mulheres, especialmente após os 40 anos.

Exame clínico é fundamental para diagnóstico correto
O diagnóstico da Síndrome do Túnel do Carpo é fundamentalmente clínico, baseado em testes simples feitos no consultório. O exame complementar mais indicado é a Eletroneuromiografia, que mede a velocidade de condução elétrica dos nervos através de pequenas ondas elétricas emitidas por agulhas.

Durante o exame físico, o médico pode encontrar:

•Dormência da palma, polegar, dedo indicador, dedo médio e do lado do dedo anular mais próximo do polegar;
•Movimento débil de pinça;
•Percussões leves sobre nervo mediano no punho podem provocar dor do punho à mão (chamado de teste de Tinel);
•Dobrar o punho totalmente para frente por 60 segundos geralmente causa dormência, formigamento ou fraqueza (chamado de teste de Phalen).
Melo explica que os tratamentos não-cirúrgicos podem abranger mudança de hábitos, como redução ou eliminação de movimentos repetitivos das mãos, uso de talas imobilizadoras no pulso durante a noite ou a administração de medicamentos anti-inflamatórios por via oral ou em injeções no túnel do carpo.
Os tratamentos cirúrgicos variam, mas os dois mais comuns são a cirurgia aberta e a cirurgia endoscópica. “Ambos os procedimentos têm o mesmo objetivo de liberar a pressão no nervo mediano por meio do corte cirúrgico do ligamento transverso e, assim, alargar o túnel do carpo para oferecer mais espaço ao nervo. Os dois são eficazes, mas a cirurgia endoscópica proporciona um tempo de recuperação mais rápido, menos dor no pós-operatório e uma cicatriz bem menor e menos perceptível”, esclarece o médico.
•Cirurgia aberta
É feita uma incisão na prega do punho em direção ao centro da palma, pelas camadas de pele, gordura e tecido conjuntivo. Quando o ligamento transverso estiver exposto, o cirurgião corta o ligamento com uma lâmina para liberar a pressão no nervo. Em seguida, o cirurgião fecha a incisão com suturas e faz um curativo na mão. “Esse procedimento é eficaz, mas talvez não seja a melhor opção para alguns pacientes porque deixa uma cicatriz do punho ao centro da palma; a recuperação e a reabilitação podem levar várias semanas devido à dor no pós-operatório, ao corte profundo na mão e a uma incisão mais longa”, detalha o neurocirurgião.
•Cirurgia endoscópica

É feita uma pequena incisão na prega do punho, onde o cirurgião insere uma pequena câmera montada em um instrumento cirúrgico. Esse dispositivo permite que o cirurgião veja dentro do túnel do carpo por meio de um monitor de vídeo. O cirurgião corta o ligamento com precisão, usando uma lâmina retrátil, sem abrir a palma completamente. Depois que o ligamento estiver totalmente liberado, a lâmina é retraída, o instrumento retirado, a pequena incisão é suturada e é feito o curativo.

“O princípio norteador deste procedimento minimamente invasivo é reduzir a dor no pós-operatório, evitando uma incisão aberta. Ela é altamente eficaz e usada há mais de 20 anos. Além de provocar menos dor no pós-operatório, uma cicatriz mínima, escondida pela prega do punho, e geralmente permite que os pacientes voltem às atividades normais em pouco tempo”, avalia o neurocirurgião.

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Fonte: Bem Paraná