Zoológico de Curitiba abriga um dos últimos exemplares de onça de pelagem negra da Mata Atlântica

Às 11h45 dessa quinta-feira (21/3), um rugido diferente chamou a atenção de quem estava no Zoológico Municipal de Curitiba. Neste horário, foi aberta a caixa onde a onça-pintada melânica (pantera negra) Cacau, de 70 quilos, veio transportada de Brasília para Curitiba, dentro do avião solidário da Latam.

A recomendação da vinda da Cacau para o Zoo de Curitiba foi feita pela Studbook Keeper do Programa de Conservação ex situ da Onça-pintada, da Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (Azab), e o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Cacau é a primeira onça nascida no Refúgio Biológico Bela Vista, da Usina de Itaipu, em Foz do Iguaçu (Oeste), e está com 7 anos de idade. A onça passou uma temporada no Criadouro Conservacionista Instituto Nex, sendo um dos últimos exemplares de onça melânica do bioma Mata Atlântica (animal raríssimo, infelizmente quase extinto).

“Acompanhamos a história da Cacau desde o nascimento dela, em Foz do Iguaçu, e construímos os novos recintos do Zoo especialmente para ela. O ICMBio recomendou a vinda da Cacau para Curitiba, inclusive pelos recintos que construímos pensando no bem-estar do animal”, explicou o diretor de Pesquisa e Conservação da Fauna, da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Edson Ferraz Evaristo de Paula.

De acordo com Evaristo, a espécie é um animal raro na Mata Atlântica e a estimativa é que existam cerca de 250 onças-pintadas livres na Mata Atlântica. “A Cacau já nasceu em um ambiente controlado por humanos, mas os filhos ou netos dela poderão ser soltos na natureza para a preservação da espécie, no futuro”, completou o diretor.

Espaço para viver

No novo recinto, Cacau vai ter 500 metros quadrados para caminhar, correr e se exercitar pelas várias plataformas e outras estruturas que visam promover o bem-estar animal.

Também terá duas piscinas para se refrescar nos dias de calor de Curitiba e nadar, comportamento típico de onças na natureza. Cacau terá como vizinhos, também em casas novas que serão em breve inauguradas, os já moradores do Zoo Ares, Raoni e Maya (onças-pintadas) e as pumas Juma, Gordo e Mali.

Transporte

Cacau foi transportada gratuitamente, nesta quinta-feira (21/3), de Brasília a Curitiba, pelo programa Avião Solidário da LATAM, em parceria com a AZAB (Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil), o que reduziu em 17 horas a viagem em comparação com um deslocamento terrestre. A onça ficou no compartimento de carga de um voo de passageiros, devidamente acondicionada, e depois transportada até o Zoológico por uma equipe da Secretaria Municipal do Meio Ambiente.

Avião solidário

Com 11 anos de existência, o programa Avião Solidário da Latam já beneficiou mais de 140 milhões de pessoas no Brasil com o transporte gratuito de mais de 921 toneladas de cargas, 4,6 mil animais e 282 milhões de vacinas contra a covid-19 para todos os estados brasileiros e o Distrito Federal.

Zoológico de Curitiba

O Zoológico Municipal de Curitiba está passando pela maior obra de revitalização desde a sua criação, em 1982. Entre as obras está a construção dos novos recintos dos felinos, onde a Cacau ficará.

Os investimentos da Prefeitura nas obras são de cerca de R$ 14 milhões em benfeitorias que irão melhorar a experiência ao visitante, mas principalmente trarão níveis mais elevados de bem-estar aos animais.

O Zoo é responsável pelo cuidado de mais de 1,8 mil animais, que ficam na área de visitação. São cerca de 589 mil metros quadrados, com aproximadamente 165 recintos. Entre os animais, estão alguns de espécies nativas ameaçadas, inseridos em programas nacionais de conservação.

Mais de 70% dos animais vieram de situações de intervenção humana (apreensões, tráfico, circos, maus-tratos) que impossibilitaram sua soltura na natureza. Hoje, recebidos pelo Centro de Apoio à Fauna Silvestre (Cafs), também encontram abrigo e cuidado na unidade de conservação do Alto Boqueirão.

Foto: Thiago Lisboa/SMCS

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