Paraná encerra missão nos EUA com perspectiva de novos investimentos em irrigação

Ao longo desta semana, a delegação, que também contou com membros da Ag4Up, que ajudou na organização da viagem, esteve reunida com executivos de empresas que são líderes mundiais na fabricação de maquinários e sistemas de irrigação de alta tecnologia, como a Lindsay Corporation e a Valley Irrigation. Elas estão sediadas no Nebraska justamente pelo estado ser uma referência internacional no segmento, tendo conseguido reverter as condições adversas de clima e de solo com a adoção da irrigação.

O grupo, liderado pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior, também se reuniu com o governador do estado norte-americano, Jm Pillen, e conheceu projetos de extensão rural desenvolvidos pela Universidade do Nebraska.

“Pudemos ver de perto como estes maquinários são produzidos pelas empresas, sendo que algumas delas já estão presentes no Brasil e outras têm interesse em investir no País, por isso as convidamos para irem ao Paraná”, disse o diretor de Relações Internacionais e Institucionais da Invest Paraná, Giancarlo Rocco.

Um dos últimos compromissos da agenda foi com o Carlyle Group, um fundo de investimento global sediado em Washington com mais de US$ 300 bilhões em ativos sob sua gestão. Com escritórios em mais de 30 países, o grupo possui negócios em todo o mundo e representa um grande potencial para as empresas paranaenses.

“A Carlyle tem uma divisão de agricultura com foco na irrigação e eles olham para o Brasil para fazer investimentos. Convidamos os representantes a conhecerem o Paraná para que avaliem possíveis fusões e aquisições e a sinalização de interesse por parte deles demonstra que estamos no caminho certo”, avaliou Rocco.

Na quinta-feira, o grupo ainda se reuniu com representantes das empresa T-L Irrigation e Reinke, ambas multinacionais líderes na fabricação de sistemas de irrigação por pivôs. Amplamente utilizada nos Estados Unidos e em alguns locais da Europa, os sistemas utilizam sistemas de irrigação mecanizados que se movem em círculo em torno de um ponto central, irrigando grandes áreas de terra de forma uniforme e eficiente.

O uso de pivôs de irrigação permite o controle preciso da quantidade de água aplicada de forma mais eficiente do que outros métodos tradicionais, pois há menos perda de água por evaporação, o que também reduz os custos de produção. O sistema também pode ser utilizado para aplicação de fertilizantes e defensivos agrícolas de forma mais eficiente, otimizando o uso desses insumos.

Por fim, antes do retorno ao Brasil, houve uma roda de conversas com o KD capital, empresa de investimentos da Carolina do Sul que aplica recursos no setor de tecnologia, com o intuito de também atrair novos investimentos.

IRRIGAÇÃO NO PARANÁ – Segundo o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, que integrou a comitiva, uma das regiões que pode se beneficiar do uso da tecnologia de irrigação utilizada no Nebraska é a do Arenito Caiuá, no Noroeste do Paraná. Devido às suas características geológicas, com baixa fertilidade natural, suscetibilidade à erosão e drenagem rápida do solo, a região representa um desafio para a produtividade agrícola.

“Qualquer tipo de solo pode responder bem com bom conhecimento e a tecnologia correta. No caso do Arenito Caiuá, são mais de 3,2 milhões de hectares que representam um potencial enorme de desenvolvimento com métodos adequados de produção como o que conhecemos no Nebraska e que podem impulsionar a agricultura na região”, afirmou Ortigara.

Para avançar neste aspecto, o Governo do Estado vai estudar a possibilidade de enviar membros do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) e do Instituto Água e Terra (IAT) aos Estados Unidos para uma imersão técnica em sistemas de irrigação. De forma complementar, especialistas das empresas norte-americanas poderão ser trazidos ao Estado para demonstrar detalhes destas soluções aos agricultores paranaenses.

De acordo com o presidente do Conselho de Administração da Cocamar, Luiz Lourenço, a cooperativa já tinha o interesse em desenvolver novos métodos de irrigação, sobretudo na região Oeste e Noroeste do Estado. “Nestes locais, onde há os terrenos de arenito, o sistema pode melhorar bastante o solo e tornar a área mais produtiva”, revelou.

“A gente já havia desenvolvido um projeto de irrigação, mas que foi interrompido com a pandemia devido aos custos de implantação. Saímos satisfeitos com a experiência do Nebraska e vamos analisar a viabilidade das soluções serem adaptadas para o Paraná”, acrescentou Lourenço.

Foto: AEN
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