Ney Leprevost e a “banca de apostas” na eleição municipal de Curitiba

Nos bastidores da eleição municipal desse ano em Curitiba há uma banca de aposta em torno da pré-candidatura do deputado estadual Ney Leprevost, do União Brasil. Isso porque, para a grande maioria daqueles que desenham a disputa eleitoral, até julho, data das convenções, Leprevost poderá recuar e mais uma vez ter feito apenas ensaio para valorizar o passe, como dizem no meio político. Seria uma reprise do que aconteceu em 2020, quando para o seu eleitorado e público em geral, Leprevost declarou que a desistência era por conta da pandemia do COVID, que impossibilitava uma campanha corpo-a corpo e inviabilizava sua candidatura, sempre construída com a presença nos bairros e nas casas dos curitibanos.

Ocorre que agora não existe mais pandemia e quem acompanha as redes sociais tem visto Leprevost bem perto da população, como aconteceu no fim de semana durante o carnaval de Curitiba. Importante lembrar que o resultado das duas últimas eleições não foi o esperado para Ney Leprevost, em 2018 para federal e 2022 para estadual. Ele ainda conseguiu se eleger, mas nem perto com a votação que seu grupo indicava após ter ido ao segundo turno na disputa da prefeitura de Curitiba em 2016.

Voltando para a eleição desse ano, entende-se que a candidatura de Ney Leprevost não depende só dele, existem dois fatores decisivos para que ela possa pelo menos ser construída. O primeiro a garantia do partido. Hoje no Paraná, o União Brasil está nas mãos da família Francischini, e ninguém ouviu nada até agora da parte deles de que Ney Leprevost terá garantia da legenda para disputar a prefeitura. Há rumores que o União Brasil atua nos bastidores para emplacar uma candidatura a vice-prefeita, e neste caso o nome seria da deputada estadual Flávia Francischini. O outro ponto seria Leprevost abrir mãos das indicações que ele tem no governo, caso realmente queira se colocar como adversário do indicado pelo Palácio Iguacu. Mais do que uma luta por sobrevivência no mundo político, a candidatura de Leprevost afastaria a boataria de que ele usa a eleição municipal de Curitiba para barganhar estrutura visando a eleição estadual. Além disso, é preciso reconhecer que sua candidatura tem chances reais da ida para um segundo turno.

Em uma entrevista recente a um jornal da capital, Leprevost fez importantes acenos. Fez elogios a gestão do prefeito Rafael Greca, amenizou a questão das empresas de ônibus que dominam o sistema de transporte coletivo da cidade, e disse que o candidato do governo (Eduardo Pimentel) é ainda muito jovem e pode esperar. Foi uma mudança de postura significativa em relação a eleição de 2016.

Os próximos meses serão decisivos para a construção de candidaturas a prefeitura da capital e Ney Leprevost possui um cenário tão propício que pode cair no seu colo o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro e do senador Sérgio Moro. Por enquanto é aguardar para ver: ou ele quebra a banca ou se entrega de vez.

Imagem: Paulo Sérgio / Câmara dos Deputados

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