Segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), cerca de 20% da população apresenta um episódio de urticária em algum momento da vida, podendo acometer pessoas de ambos os sexos, em diferentes faixas etárias, do bebê ao idoso. A doença autoimune que se caracteriza por placas vermelhas que aparecem de repente na pele, gerando bastante coceira. A urticária crônica não tem cura, mas os medicamentos adequados ajudam a controlar as crises.
Segundo a médica dermatologista do Hospital Otorrinos Curitiba e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Dra. Priscila Schneider, é importante aumentar a conscientização sobre a doença entre familiares e amigos, e reforçar que não é uma doença contagiosa e tem tratamento adequado.
“A urticária envolve a questão estética da pele, mas além disso a doença pode provocar impactos extremamente negativos na qualidade de vida dos pacientes, interferindo no sono, nos relacionamentos pessoais e profissionais, por exemplo. Por isso, é importante acompanhamento e tratamento adequados”, acrescenta Priscila.
O que é urticária
A urticária é um grupo comum e debilitante de doenças caracterizadas por urticária recorrente, angioedema ou ambas. Cerca de 1 em cada 5 pessoas tem urticária em algum momento da vida. São crônicas quando duram mais de 6 semanas.
São placas que aparecem de repente na pele, na maioria das vezes vermelha, que coçam (o paciente pode ter a sensação de queimação). Podem aparecer no corpo inteiro ou apenas em regiões localizadas sem razão aparente, ou em alguns casos a certos estímulos, como após a exposição solar ou ao frio. Não é incomum ocorrer um inchaço da pele mais profunda, que é chamado de angioedema.
“Uma característica da urticária é a sua volatilidade, ou seja, as placas permanecem apenas algumas horas em um local e deixam de existir sem deixar qualquer sinal”, lembra a médica.
Sintomas da urticária
O sintoma mais comum é a coceira intensa, mas as lesões podem provocar a sensação de queimação ou ardência. A doença afeta a qualidade de vida do paciente, que em muitos casos não consegue trabalhar nem ter uma boa noite de sono.
“Os sinais e sintomas da urticária podem reaparecer a qualquer momento, durante horas ou meses, e pode ocorrer inchaço rápido e localizado, que normalmente atinge as pálpebras, lábios, língua e garganta. Este inchaço é chamado de angioedema e, algumas vezes, dificulta a respiração, constituindo risco de vida”, alerta a especialista.
Existe, ainda, uma complicação chamada anafilaxia, na qual a reação envolve todo o corpo, causando náuseas, vômitos, queda da pressão arterial e edema de glote (garganta) com dificuldade para respirar. Esses casos são graves e precisam de atendimento de emergência.
A urticária pode piorar com as altas temperaturas. “O calor pode ser causa ou gatilho (fator de piora) de outros tipos de urticária”,ressalta Priscila.
Tipos de urticária
De acordo com o tempo de duração, a urticária pode ser:
Urticária Aguda: quando os sinais e sintomas desaparecem em menos de seis semanas;
Urticária Crônica: quando os sintomas duram por seis semanas ou mais. Também são classificadas com espontâneas ou induzidas:
Urticária espontânea: quando as urticas ou placas aparecem mesmo sem estímulo algum, de forma espontânea, como o próprio nome diz.
Urticária induzida: quando se consegue induzir a urticária, como por ex: urticária ao calor, ao frio, à pressão, solar, entre outras.
Mitos sobre a urticária
A Associação Brasileira de alergia e Imunologia (ASBAI) listou alguns mitos que envolvem a urticária, confira:
:: A pessoa que tem urticária crônica terá também choque anafilático?
MITO. O choque anafilático e edema na glote são mais comuns em pacientes que apresentam urticária aguda, sendo muito raros na urticária crônica.
:: Urticária é contagiosa.
MITO. A doença não é contagiosa e nem transmitida de uma pessoa para outra.
:: Estou grávida e tenho urticária. Meu filho também terá?
MITO. O fato de a mãe ter urticária não significa que o filho também a terá.
:: Pessoas com urticária crônica devem fazer dieta e evitar corantes, leite e glúten.
MITO. Nem toda pessoa que tem urticária terá obrigatoriamente alergia ao leite e ao glúten. Por isso, não há necessidade desta dieta, a não ser em casos específicos detectados pelo médico especialista.
Tratamento para urticária
Segundo a médica, é essencial que o paciente procure um médico especialista em urticária, podendo ser alergologista ou dermatologista. Só assim será possível identificar as causas ou fatores de piora e indicar o tratamento mais eficaz, com o objetivo de controlar a doença.
Em geral, o tratamento é feito com anti-histamínicos e alguns pacientes necessitam de doses mais altas para controle do quadro. “É proibida a automedicação com corticoides”, finaliza Priscila.
Com informações: ASBAI Foto: Divulgação