Os comerciais antigos marcaram época e estão no imaginário popular. Mesmo quem não vivia naquela época consegue assistir aos clássicos pelo YouTube e perceber o quanto eram geniais em passar uma ideia, vender um produto ou divulgar uma ação em rápidos 30 segundos, na média.

“Interessante assistir aos comerciais antigos, pois a lição que fica é a importância de reforçar a marca. Não importa o conceito e nem quando foram feitos esses comerciais, as empresas têm que resgatar o que se perdeu ao longo dos anos, que é o mistério, a surpresa e a criatividade” explica Luiz Tavares, fundador da Kawabanga.

O desafio atual é fazer um vídeo, comercial ou institucional, que desperte o interesse do público – claro, não descuidando do fato de que os consumidores atuais querem algo mais direto e socialmente aceito.

Parece impossível?

Com um bom roteiro, criatividade e algumas horas de trabalho, dá para criar peças incríveis. Luiz destacou alguns comerciais que valem a pena serem analisados mais profundamente e que servem como lição para os dias atuais;

BOMBRIL – O GAROTO BOMBRIL (1978)
Um dos primeiros filmes de Carlos Moreno para a marca Bombril, neste exemplo falando sobre o detergente Limpol. A campanha do garoto Bombril foi criada por Washington Olivetto em 1978 e permaneceu rodando nos canais de tv aberta por incríveis 26 anos consecutivos – valendo até inclusão no Guiness, o Livro dos Recordes.

O personagem é tímido, parece que está com vergonha de falar sobre um produto para uma dona de casa que é resistente em mudar de produto. Virou um amigão das pessoas e todos adoram os seus comentários. Ele menciona a concorrência sem falar mal dela, justificando que o produto pode ser um pouquinho mais caro, mas nada que aumente o valor da compra no supermercado. Um clássico sobre como posicionar uma marca.

O PRIMEIRO VASILÈRE A GENTE NUNCA ESQUECE (1987)
Um pouco mais longo que o corriqueiro (passa de um minuto e meio), essa produção mexeu com um tabu: a passagem da infância para a adolescência de uma menina. Tem uma única frase ao final que pontua a sensação que a personagem passa neste momento de mudança em seu corpo. Imagine quantas meninas que não conseguiam falar sobre este assunto com seus pais se sentiram representadas? E quanto pais não se tocaram de que a sua menininha precisava de um sutiã? Uma obra de arte para produtos que parecem ser impossíveis serem anunciados.

GUARANÁ ANTARCTICA – PIPOCA COM GUARANÁ; PIZZA COM GUARANÁ (1991)
Pipoca pula na panela, certo? Então a música tem um estilo que parece pular, com notas bem destacadas e a letra descrevendo o quanto a pipoca e o guaraná combinam – tudo com uma dicção saltitante. Tem ainda uma versão para pizza, mas a letra da música é outra e a melodia é uma valsa, simulando as formas redondas de uma pizza! Geniais. Usaram o formato da música para descrever o que combina com o Guaraná Antárctica. Use uma trilha sonora que case com o produto e o video pode ser lembrado por de ́cada, como no caso destes dois comerciais.

CHEVROLET KADETT GSI CONVERSÍVEL CARAVAN IPANEMA OPEL (1993)
O cantor Edson Cordeiro misturava música pop com clássica e esse foi o conceito deste comercial: um carro clássico, mas que é para todos! A música tem elementos que somente quem conhece a ópera A Flauta Mágica, de Mozart, percebeu – o trecho cantado é da personagem Rainha da Noite, que se destaca pelo traje vermelho no momento em que é cantado – mas todos lembram deste comercial e tentam cantar essa parte. O sofisticado pode ser popular – e o público vai gostar, desde que seja um vídeo criativo.

PARMALAT – MAMÍFEROS DA PARMALAT (1996)
Pegou a família: os pais que adoram crianças e as crianças que adoraram as fantasias. A Parmalat entrou com tudo nesta época – incluindo patrocinando de forma massiva em times de futebol! O comercial é engraçadinho e passa a mensagem de que o produto é ótimo para o crescimento das crianças, sem ficar falando de propriedades do leite. Esse foi o maior desafio, pois todos sabem o quanto a bebida é bom para se tomar. Então eles foram para o lado lúdico com força. Ou seja, não precisa ficar falando sobre as propriedades do que você está vendendo. Tomou?

NISSAN – PÔNEIS MALDITOS (2011)
Como dizer que seu produto é mais potente que o da concorrência? Mostre um consumidor passando por apuros por não escolher a sua marca. No mercado automobilístico, só mostrar o carro rodando com aquela voz de locutor sério falando sobre cavalos de potência – você pode mostrar, de maneira engraçada, como isso acontece. Um dos últimos grandes comerciais que pegou no imaginário popular.

Libere sua criatividade com a Kawabanga!