Com grande importância para a história, o Patrimônio Cultural, especificamente o Arqueológico, é foco de estudos para as obras do Sistema de Transmissão Gralha Azul (STGA), da ENGIE. Passando por 27 municípios do Paraná, o STGA vem promovendo – por meio da execução do Programa de Gestão do Patrimônio Arqueológico – a localização, o estudo e a conservação arqueológica dos materiais encontrados nos locais onde as obras vêm sendo realizadas.

 

O Diretor de Implantação do STGA, Márcio Daian Neves, reforça que os estudos que envolvem a área do Patrimônio Arqueológico estão presentes desde a etapa de planejamento dos empreendimentos do projeto. “Fizemos uma análise completa, desde a fase de pré-leilão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), onde estudamos o potencial arqueológico da região atingida pelo projeto, e estaremos atuando até a emissão da Licença de Operação, com a etapa final das obras”, explica Daian. “Todas as peças arqueológicas encontradas são encaminhadas para análises nos laboratórios de arqueologia e, posteriormente, para a Instituição de Guarda Permanente da Coleção. Lá elas ficam acondicionadas e são utilizadas para futuros estudos de pesquisadores, o que demonstra mais uma preocupação do STGA com a conservação local e com o cumprimento das normativas legais exigidas”, analisa o Diretor.

O processo de análise da Arqueologia local, dentro do STGA, iniciou primeiramente com o estudo de impactos, fase em que são identificadas as áreas com potencial arqueológico, por meio do levantamento e estudo do solo – com foco na geologia e geomorfologia -, da paisagem, do ambiente e do paleoambiente, com  análises dos dados coletados e pesquisas realizadas em campo e laboratório.

De acordo com a Arqueóloga Gestora do STGA, Luciana Ribeiro, há um grande e complexa pesquisa sobre as populações que habitavam a região. “Todos os sítios arqueológicos encontrados pelo STGA são analisados à luz de estudos feitos no passado, cruzando os dados com pesquisas atuais. É, então, elaborado o cadastramento das poligonais dos Sítios Arqueológicos, para constar no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos (CNSA) do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Com isso, são tomadas todas as medidas preventivas previstas na legislação vigente e as medidas de controle durante a obra, como o monitoramento contínuo das atividades de supressão de vegetação e fundação das torres”, explica Luciana.

Com a etapa de avaliação de impacto concluída, o projeto de gestão avança e inicia-se a fase de escavação dos sítios arqueológicos. Luciana relata que essa ação é como contar uma história. “Funciona como a leitura de um livro, mas de trás para frente. A primeira camada a ser escavada será o final da história, e na última camada do sítio arqueológico – no fundo do solo – temos o início dessa história”. Por este motivo, a ação de escavação é feita aos poucos, cerca de 10 em 10 cm. “Se alguém vem e bagunça as camadas de solo do sítio arqueológico é como se misturasse as páginas do livro sem numeração, bagunçando sua história. Por isso, o processo é feito passo a passo e com todo cuidado”, afirma a Arqueóloga.

As ações da Arqueologia do STGA são focadas principalmente em dois tipos de sítios arqueológicos: os líticos e os cerâmicos, que buscam entender os modos de vida dos grupos, e como os artefatos de pedra lascada/polida ou vasilhames cerâmicos eram produzidos e utilizados por grupos humanos neste ambiente. Com isso, são feitos estudos e levantamentos das populações pré-históricas e históricas e seus hábitos de vida. Essa pesquisa é realizada através das escavações que evidenciam os vestígios da cultura material, como restos de fogueiras, alimentos, ferramentas, habitações, e objetos deixados por eles nos locais em que habitavam. Ao longo das atividades, já foram encontradas pontas de projétil (flecha), raspadores, machadinhas, fragmentos de urnas cerâmicas Tupiguarani e vestígios de carvão.

A equipe arqueológica do STGA, esteve em dado momento, composta por até 60 profissionais em campo – entre arqueólogos e técnicos da ENGIE e das empresas executoras Zanettini Arqueologia e A Lasca Consultoria. Os materiais coletados, após datados e sistematizados, seguem diretamente para análises em laboratório. A arqueóloga explica que, nos casos específicos em que os materiais estão em posse de propriedades particulares, é realizada a educação sobre o tema. “Muitos retiram artefatos, arando a terra há décadas, e geram acervos particulares, e acabam criando carinho por aquelas peças, pois são consideradas pertencentes da história da família. O IPHAN estuda a regularização destas coleções em um banco de dados nacional”, explica Luciana. Os materiais oriundos das escavações,  seguem para o Instituição de Guarda no Estado do Paraná, onde as universidades estudam o que foi coletado em pesquisas de trabalhos de conclusão de curso, mestrados e doutorados, ampliando o conhecimento sobre o passado da nossa sociedade.

Neste momento, está em fase de finalização as atividades de educação patrimonial desenvolvidas pelo o PIEP – Programa Integrado de Educação Patrimonial. “Com essa ação buscamos dialogar com as comunidades e estimular à conscientização do patrimônio local, para que se apropriem dos bens culturais regionais e assim sejam agentes da preservação. As atividades buscam ampliar os conhecimentos sobre os tipos de patrimônio, internalizando a ideia de conservação e preservação local”, conta Luciana.

Fonte: Assessoria