re4270614O árbitro turco apita e o jogo termina. No gramado, a festa da Argélia pela classificação. Os argelinos comemoravam como se fosse o último jogo da história da humanidade. Nos curitibanos, a sensação de que a festa acabou. A Copa do Mundo, aquela que parecia tão distante até mesmo esse ano, tinha passado por aqui e agora só pela televisão. Os painéis de publicidade não mostravam os patrocinadores, e sim um simbólico ‘Obrigado, Curitiba’. Passou. E foi bom enquanto durou.

Cenas marcantes? Tivemos várias. O sorriso de cada torcedor no primeiro jogo – aquela sensação de que enfim a Copa havia chegado e no dia histórico ele ou ela eram testemunhas. A comovente invasão equatoriana na segunda partida, com um ‘si, se puede’ que tomou conta do Joaquim Américo. A volta olímpica dos australianos mesmo depois de três derrotas. O talento superior de Andrés Iniesta na nossa cidade. David Villa chorando. Jornalistas estrangeiros nem aí para a imparcialidade e vindo com a camisa de suas seleções – e berrando como se estivessem na arquibancada. A festa singular de argelinos e russos, tão distantes mas envolvidos na mesma emoção.

E na emoção parece que foi tudo perfeito. Claro que não. Uma avaliação mais profunda mostrará que houve problemas. O maior deles, de assustar, foi o gramado. No jogo de ontem entre Rússia e Argélia o estado do campo era lastimável – tanto que o Atlético deve agir imediatamente após retomar o controle de seu estádio.

Houve problemas também com a falta de acabamento, com pontos cegos (a cena do torcedor do Pelotas sem ver mais de meio campo rodou o mundo, e os lugares em que não se pode ver a partida direito serão retirados). No último jogo, enquanto coisas prosaicas (refrigerantes, balas, remédios) eram barradas pelos seguranças, os argelinos entraram com sinalizadores e canetas com laser.

Mas a avaliação, tanto da Fifa quanto do Comitê Organizador Local, foi positiva. Os torcedores também gostaram do que viram. E os atleticanos sabem que a Arena ficará melhor quando receber o acabamento necessário.

Foram dias de euforia. De ouvir mais espanhol, inglês ou russo pelas ruas, de conhecer culturas de países tão distantes quanto distintos, de rever as famílias no estádio, de observar atleticanos, coxas e paranistas convivendo juntos sem qualquer problema. Até a cerveja estava liberada – e apesar de uma discussão ou outra, a bebida mostrou não ser motivo de briga.

Mas uma hora iria acabar. Foi ontem, perto das sete da noite, quando o árbitro turco apitou e o jogo terminou. A Copa segue, o trabalho e a vida seguem para todos, a Fan Fest está aí pra movimentar a cidade. Mas os jogos terminaram. Uma pena. Quem viveu essa história pode se considerar um privilegiado.

Fonte: O Estado do Paraná