Curitiba terá cinco linhas de ônibus especiais para a Copa do Mundo (Foto: Divulgação/Joel Rocha/SMCS)
Curitiba terá cinco linhas de ônibus especiais para a Copa
do Mundo (Foto: Divulgação/Joel Rocha/SMCS)

Ao mesmo tempo em que viu uma decisão judicial recolocar os cobradores nos micro-ônibus da cidade, a prefeitura de Curitiba prevê aumentar os postos de venda e recarga do cartão-transporte como forma de estimular o uso do bilhete. Hoje, 55% dos usuários optam pelo cartão no momento de pagar a tarifa – porcentual bem abaixo, por exemplo, dos 94% do sistema paulistano. Assim como no Rio e em São Paulo, até smartphones já são vistos como alternativa para driblar o uso do dinheiro dentro do transporte da capital paranaense.

A discussão sobre a ampliação do uso do cartão ganhou corpo no último dia 6 de maio, quando o Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR) deu prazo de 45 dias para que as empresas recolocassem cobradores em 150 micro-ônibus. A medida deveria vigorar a partir deste mês, mas empresários do setor recorreram e agora ela será reanalisada pela Justiça.

A Urbs também se mostrou contrariada e disse que a decisão traria custo imediato de R$ 2 milhões na adaptação dos veículos e R$ 1 milhão por mês com a contratação de 400 cobradores. Para driblar esses valores, as empresas de ônibus propuseram que apenas cartões fossem aceitos nesses veículos. O vereador Felipe Braga Côrtes (PSDB), inclusive, lançou mão de um projeto de lei que validasse a medida.

Baixa adesão

Essas propostas, entretanto, esbarram na baixa utilização do cartão, que pode ser explicada pela estrutura e pelos benefícios atuais em torno do sistema. Enquanto em Curitiba o usuário pode recarregar seu bilhete pela internet (pagando boleto no banco) ou na Rodoferroviária, a capital paulista tem mais de dez mil postos fixos de recarga. “Mas nossa ideia é ampliar o uso do cartão. Iniciamos contatos com bancos para ampliar os pontos e queremos a recarga em terminais e bancas de jornal”, diz o presidente da Urbs, Roberto Gregório.

Assim como em Curitiba, o Bilhete Único paulistano também existe há dez anos. Mas as vantagens dele sobre o similar curitibano não param na quantidade de postos. Em São Paulo, o usuário pode viajar com o cartão em até quatro ônibus diferentes, em um intervalo de três horas, pagando apenas uma tarifa. Existe também integração com trens da CPTM ou o Metrô – nesse caso, paga-se apenas metade do valor do segundo modal.

A universalização da integração temporal, porém, ainda não está nos planos curitibanos. “Queremos reduzir os custos do sistema e a integração temporal traria aumento de 13%”, diz Gregório. Essa previsão pessimista, porém, não se confirmou em São Paulo.

“O Bilhete Único trouxe ganho imediato de 3% na arrecadação em dias de semana e 7% aos finais de semana. No Metrô, que passou a aceitá-lo em 2006 e com desconto para quem vinha do ônibus, o salto foi de 13%”, diz o diretor de gestão econômico-financeira da STrans paulista, Adalto Farias.

Smartphones são alternativa aos cartões

Rio de Janeiro e São Paulo já colocaram em prática testes para permitir o uso de smartphones no pagamento da tarifa do transporte público. De acordo com a Urbs, essa também é uma alternativa estudada para a capital paranaense.

Na capital fluminense, no ano passado, funcionários de sete empresas diferentes testaram o sistema durante cerca de dois meses. Para isso, cerca de 200 usuários portavam um aparelho com tecnologia NFC (Near Field Communication) e acesso à internet. Além dos postos de recarga fixos da cidade, os créditos no celular também puderam ser adquiridos na internet.

A Ponto Certo, empresa responsável pelas recargas em São Paulo, também estuda implantar o smartphone como alternativa ao Bilhete Único em até 18 meses. Por enquanto, porém, a empresa já lançou um aplicativo que permite a recarga do cartão no celular. Em Curitiba, o presidente da Urbs, Roberto Gregório, afirma que o smartphone poderá ser em breve mais uma forma de pagamentos dentro dos ônibus.

“A tecnologia já está dominada. Teríamos apenas de adaptar alguns protocolos de comunicação. Seria um equipamento similar aos disponíveis em restaurantes para validar créditos com cartão de crédito.”