gamesTrabalhar no desenvolvimento de jogos para videogames, computadores e celulares é sonho frequente no imaginário dos aficionados pelo mundo digital. Em Curitiba, dois cursos de graduação permitem a união dos mundos do hobby e o profissional – na Universidade Positivo (UP) e na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) – ambos com inscrições abertas para o vestibular 2014.

Dependendo da escolha, o curso de tecnologia em jogos digitais pode ter duração variada entre dois anos e meio e três anos. Além da opção de desenvolver jogos, como o nome sugere, os cursos também propiciam conhecimentos aos alunos para atuar em outras áreas de programação e desenvolvimento – como o de simuladores para empresas, por exemplo.


Nas salas de aula, a teoria e a prática são combinadas justamente através do desenvolvimento de games. Com filosofias didáticas diferentes, os cursos da UP e PUC-PR coincidem no objetivo de qualificar os graduandos para a indústria do entretenimento – uma área que exige profissionais especializados, e que é uma das que mais crescem em todo o mundo.

Absorção interna
Na UP, o curso de tecnologia em jogos digitais procura fazer com que os alunos desenvolvam o maior número de jogos possíveis durante os dois anos e meio de duração. “Eles fazem aproximadamente de oito a nove jogos durante esse período, ou seja, a cada dois meses eles fazem um jogo novo”, explica o coordenador do curso, Rafael Dubiela. Para o professor, o método permite que os alunos saiam do curso com boa experiência, além de portfólio.

Segundo Dubiela, outras características específicas do curso na UP são a aposta em uma carga horária multidisciplinar e o estímulo à competição interna. “Eles se dividem em equipes e competem entre eles, isso incentiva muito, e foi uma opção acadêmica nossa. A chantagem da nota é mais prejudicial do que benéfica, e não chega onde nós queremos”, conta o coordenador. A tática já resultou em duas premiações na Imagine Cup, a competição de tecnologia da Microsoft – um primeiro lugar em 2011 e uma segunda colocação em 2012.

Essa qualificação já levou o próprio grupo Positivo a observar mais atentamente os profissionais. Está em desenvolvimento desde o fim do mês de julho um projeto piloto no qual os melhores alunos são selecionados para um estágio remunerado, de onde devem sair jogos para os cursos de Ensino à Distância oferecidos pela UP. “O planejamento para o próximo ano já é começar a contratar os alunos que nós formamos. Fazer um plano e carreira para eles”, diz Dubiela.

O projeto conta atualmente com seis alunos, coordenados pelo professor Michael Bahr, mas com expectativa de crescimento imediato. Divididos em duas equipes, cada uma formada por dois artistas e um programador, eles estão desenvolvendo dois jogos para serem utilizados nos cursos de Ensino à Distância da universidade. “Nós tínhamos o desafio de criar algo divertido, mas que ao mesmo tempo ensinasse, que deixasse conteúdo. Um deles é um quiz em que a adicionou mecânica de “runner”, que é fazer o bonequinho correr por algum motivo. Dentro da narrativa, a gente criou que ele acordou atrasado para a prova e está estudando no caminho. Então, aleatoriamente vêm perguntas na tela para ele responder”, conta Bahr.

Já a outra equipe trabalha em um jogo que ensina a gerenciar funcionários. “A gente criou uma fábrica de cupcakes, e daí você tem relação de mercado. Se a economia está baixa, se está alta, se você deve motivar o profissional ali dentro, qual é o melhor momento para vender os cupcakes”, detalha o professor.

O jogo é inteiramente desenvolvido pelos alunos, sob a supervisão de uam equipe de três professores. Com trabalhos todos os dias, o grupo corre para entregar nove jogos diferentes até o mês de dezembro. Um dos alunos envolvidos é Leonardo Bóia, de 18 anos, que cursa o primeiro ano e desenvolve a arte do game do quiz. “No nosso jogo, está dividido em personagens e cenário, que são dois tipos de arte bem diferentes. Eu trabalho com as animações de personagens”, conta o estudante.

Já no jogo da fábrica de cupcakes, o estudante Carlos Cabral, de 21 anos, é responsável pela parte de programação. “Eu faço toda a programação do jogo. Os artistas vão mandando esboços para eu ter alguma coisa com que trabalhar em cima, senão a gente trabalha apenas com imagens aleatórias, apenas blocos”, conta, sobre o trabalho integrado. Para Cabral, o estágio tem sido uma oportunidade para colocar na prática alguns conceitos trabalhados no curso. “É muito animador. Na faculdade também tem a prática, mas aqui é mais mercado. A gente tem prazo definido, porque vai ser jogado por milhares de pessoas, e a gente está recebendo para isso”, comemora.

Programação
Já na PUC-PR, a opção curricular do curso de tecnologia em jogos digitais é mais focada na programação, de acordo com o coordenador do curso, Fábio Binder. “É um curso de ensino superior de três anos, mais focado na programação, de forma que ele pode ser considerado da área de computação”, afirma.

Segundo Binder, ao longo do curso os alunos também possuem disciplinas acessórias de artes gráficas e sonorização, mas o objetivo específico da graduação é formar desenvolvedores de jogos para diferentes plataformas. “Temos disciplinas para alterar jogos, fazer modificações, e também para criar a própria engine”, explica o professor.

Além dos desenvolvimentos de jogos durante o transcorrer das disciplinas do curso, em termos práticos, todo conhecimento adquirido ao longo dos três anos é aplicado no último semestre letivo, no Trabalho de Conclusão de Curso. “É um projeto final. A gente reúne a turma e define um tipo de jogo, com opiniões dos alunos, e o professor faz o papel de gerente do projeto. O professor vai dizer o que é possível, dividir tarefas e fazer a integração dos trabalhos – no final do semestre isso vira um jogo só”, detalha Binder.

Para a conclusão do curso em 2013, os alunos estão desenvolvendo um jogo de estratégia em tempo real – Real Time Strategy (RTS). “É como o Age of Empires, Warcraft 3, Starcraft 2”, explica o professor. “Para fazer um jogo maior, com mais substância, dividimos as tarefas e cada um faz uma parte. O objetivo é que o jogo chame a atenção realmente no final”, diz Binder.

A expectativa do coordenador do curso é que em dezembro o jogo esteja disponível para download gratuito no site da PUC-PR. Segundo Binder, o objetivo é que o game sirva de portfólio para os alunos na busca por uma vaga no mercado de trabalho. “A pessoa que se forma aqui nesse curso também tem a possibilidade de fazer simuladores. Toda a tecnologia que você aprende no curso, você aplica para o desenvolvimento de simuladores, e pode abrir portas em muitas empresas”, garante o professor.

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Fonte: G1PR