vioOs moradores do bairro Mercês, em Curitiba, estão cansados da violência. Em um protesto silencioso, eles se reuniram para uma missa na Paróquia Nossa Senhora das Mercês, às 19 horas desta terça-feira (26). A celebração também foi uma homenagem à empresária Bernadete Dolores Dullazella, assassinada na semana passada.

A presidente da Amoem (Associação dos Moradores e Empresários das Mercês) e do Conseg (Conselho de Segurança do Mercês), Clair da Flora Martins, disse que a missa foi organizada para chamar a atenção das autoridades e da população para qualquer tipo de violência. “Precisamos resgatar os valores da sociedade, o que ocorreu com a Bernadete foi um crime hediondo. Além disso, não temos mais paz aqui na região, não tem segurança”, declarou.

Segundo Clair, o Conseg já expôs o problema para diversos representantes da segurança pública, mas a criminalidade no bairro está longe de diminuir.

O pastor da Igreja Presbiteriana do Mercês, Izaias Meireles, que também participou da missa, disse que os assaltantes não poupam nem as instituições religiosas. “Minha igreja foi assaltada duas vezes, eles entram à noite, quando não tem ninguém, e levam o que tem pela frente, instrumentos musicais, materiais de construção, tudo”, contou.

A dona de casa Nelsi Elvira de Liz, que mora no bairro há 14 anos, diz que a situação está cada vez pior. “A Manoel Ribas está terrível, é uma rua abandonada. São muitos assaltos, no salão de beleza, açougue, lotérica”, lamentou.

A também dona de casa e moradora do bairro há 30 anos, Terezinha Peixoto, diz que não se sente mais segura. “Agora eu ando olhando para todos os lados, o Mercês perdeu muito o valor que tinha anos atrás”, disse.

Em frente à Paróquia, foi colocada uma faixa que lamenta a morte de Bernadete. Ela também era membro do Conseg e lutava constantemente para que o bairro se tornasse mais seguro, de acordo com a presidente do conselho. “A panificadora dela já foi assaltada muitas vezes, ela vivia correndo em busca de mais segurança”, disse Clair.

Bernadete foi encontrada morta na Estrada Dom Pedro I, em Campo Magro, na manhã de segunda-feira (18). Na noite anterior, ela foi levada por dois homens que supostamente invadiram a panificadora dela para assaltar. Bernadete foi morta com um tiro na nuca.

No dia 20, o ex-marido dela, João Carlos Soczek, foi preso por suspeita de participação na morte da empresária. Segundo a polícia, ele contratou um homem para matá-la e ofereceu a ele R$ 40 mil. Imagens das câmeras de segurança do estabelecimento comprovam, segundo a Delegacia de Furtos e Roubos, que Soczek foi um dos homens que renderam Bernadete.

Fonte: Gazeta do Povo