Crédito Foto: Band News FM

Ontem a Câmara de Vereadores de Curitiba aprovou para o próximo ano a obrigatoriedade do uso de terno e gravata durante as sessões. Foi o que bastou para que, nos corredores, já houvesse um pedido ainda tímido, mas que pode ser ouvido por todos aqueles que tem o mínimo respeito pelo dinheiro público, para uma verba extra para auxílio-paletó. Professor Galdino, a quem os Curitibanos confiaram um segundo mandato, aliás sendo o segundo mais votado já protestou. Acostumado a usar um jaleco branco (que na minha época de estudante chamava-se “guarda-pó”) como quem quer aparecer mais que o rei informou que vai usar um “jalecó” mistura de jalecos e paletós.

Mas olhem que coisa, Professor Galdino protestou mas não votou. Sim, não estava presente na sessão porque cuidava dos assuntos de saúde e para tal apresentou um atestado médico. As sessões como os senhores sabem ocorrem pela manhã, um acordo para que as sessões fossem transmitidas pela TV Sinal, na parte da tarde os vereadores ficam livres para cuidar de suas bases, atender seus gabinetes. Pena que Galdino não poderia fazer isso, já que está doente, não pode nem ao mesmo votar o projeto que tanto contesta. Certo? Errado!

Não é que o dito professor, criador de músicas irritantes de campanha, mas que teve seu mandato legitimado pelo povo, compareceu a uma escola a tarde para falar aos alunos?! Incrível, milagre quase instantâneo, algo típico dos grandes feitos bíblicos. Por falar em bíblia há uma parábola bastante conhecida que fala do cobrador de dívidas que mesmo tendo extrapolado todos os prazos para o pagamento e sem condições de honrar a dívida é perdoado. Algum tempo depois o credor encontra seu ex-devedor açoitando outro homem. O primeiro lhe pergunta o que estava acontecendo e este responde que aquele não havia lhe pago o que devia e então estava lhe aplicando a pena cabível.

Com a maioria dos políticos é normalmente assim, façam o que eu digo mas não olhem o que eu faço. Se dizem defensores ferrenhos do dinheiro público mas encontram maneiras cada vez mais criativas de gastar nosso dinheiro com coisas que são “seu direito” e fazem parte da “isenção dos poderes”.  Dizem que estão sempre atentos as necessidades da comunidade mas passados os 4 meses de eleição somem como cometas que transitam na órbita da terra e são somente vistos em tempos determinados.

Mas há aqui, ressalte-se com toda a galhardia que o merece, a chancela popular. Ela legitima a maioria das ações destes senhores. No caso de Galdino e de todos os reeleitos além da chancela há o selo de aprovação popular. No jogo democrático é o que vale. Enquanto os juízes não marcarem penaltis e apresentarem seus cartões vermelhos, nada poderemos fazer com as jogadas rasteiras, elas são, em regra, a regra.