positivoO Paraná tem apenas dois colégios entre os cem mais bem colocados no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2011, participação bem inferior à dos estados da Região Sudeste do país. São Paulo colocou 31 colégios entre aqueles com as maiores médias na prova e o Rio de Janeiro, 23. Estados do Nordeste também incluíram mais escolas que o Paraná no top 100. As notas por instituição de ensino foram divulgadas ontem pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante.

Para o doutor em Educação e professor do Núcleo de Políticas Educacionais da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Ângelo Ri­­cardo de Souza, a quantidade de escolas que cada estado conseguiu incluir entre as melhores posições deve ser relativizada, já que o número de colégios de ensino médio existentes em cada estado também é variável. No entanto, uma hipótese que justificaria a superioridade dos números de outras regiões é o fato de a UFPR, universidade com o vestibular mais concorrido do estado, dar ao Enem um peso baixo na seleção dos estudantes se comparado à importância que outras universidades federais conferem ao exame.

O Colégio Positivo (sede) e o câmpus Curitiba da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) são as únicas instituições do estado que entraram na lista das cem escolas do país com as maiores notas. O terceiro colégio paranaense mais bem colocado foi o Universitário, de Londrina, ocupando a 129.ª posição nacional.

Língua Portuguesa

Os alunos do Positivo atingiram 686,5 pontos, índice que deixou a escola na 16.ª posição no ranking nacional e na liderança no estado. Em 2010, o colégio não constava na lista geral dos 10 primeiros do Paraná. Na ocasião, a média do colégio foi 665,8.

Para Celso Maurício Hart­­mann, diretor do colégio, o salto se deve ao forte investimento em Língua Portuguesa feito pelo Positivo nos últimos dois anos. “Implementamos aulas exclusivas de redação, o que levou nossos alunos a lerem muito mais”, diz. O consultor em educação Renato Casagrande concorda com o motivo da evolução. “Como o Enem exige muita interpretação de texto, investir em Língua Portuguesa gera bons resultados.”

A UTFPR manteve-se como a instituição pública mais bem avaliada do estado. Com nota 655,2, os estudantes da Tecnológica garantiram o 92.º lugar no ranking nacional. Houve, no entanto, uma queda de 62,5 pontos em relação ao desempenho de 2010, quando a UTFPR atingiu 717,7 pontos e alcançou a 18.ª colocação. O acesso ao ensino médio da instituição se dá por meio de processo seletivo, o que confere à UTFPR a vantagem de ter um grupo de alunos altamente qualificado desde a matrícula.

Federais têm alto índice de participação

A participação dos estudantes no Enem revelou surpresas. Na UTFPR, 100% dos estudantes do ensino médio fizeram o exame, índice muito diferente do de 2010, quando apenas 48,6% compareceram para fazer a prova.

Para o professor Carlos Henrique Mariano, o expressivo volume de participação se deve à importância que os alunos da instituição dão ao Enem, graças à aceitação cada vez maior do exame por várias universidades públicas. Para ingressar na graduação da própria UTFPR, por exemplo, a nota obtida no Enem é o único critério de acesso.

No Colégio Universitário, de Londrina, a participação foi menor: apenas 61,3% dos alunos fizeram a prova. Mesmo assim o colégio teve um resultado positivo. Saltou da nona colocação no estado em 2010 para a terceira na edição de 2011, atingindo a nota 647,8.

O diretor Manuel Machado justifica o baixo interesse dos estudantes pelo exame devido à pouca relevância que as universidades estaduais do Paraná e de São Paulo dão ao exame. “O maior foco dos nossos alunos é a UEL. Um aluno que tenta Medicina, por exemplo, prefere se esforçar apenas para o vestibular”, diz.

As instituições federais foram as que registraram a maior média em volume de participação no estado (77,4%), seguidas pelas escolas privadas (72%) e só depois pelas estaduais (60%). Para o professor Ângelo Ricardo de Souza, as diferentes taxas de adesão têm relação com o papel da escola na vida das pessoas. “Por que fazer o Enem? As respostas serão distintas a depender do tipo de escola. Por isso, acho que comparar [escolas] desiguais com uma medida de igualdade não ajuda a compreender a realidade”, critica.

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Fonte: Gazeta do Povo