O governo do Paraná, através da Secretaria de Estado da Educação (SEED), realizará na próxima quinta-feira (22) um teatro com cerca de 250 mil estudantes da rede pública. No picadeiro — as mais de 2 mil escolas –, meninos e meninas exercitarão as disciplinas de matemática e português. Nada engraçado, como você logo perceberá nas linhas seguintes, porque o custo final disso tudo é o embrutecimento dos cerca de 2,2 milhões de alunos paranaenses.

A avaliação do Sistema de Avaliação da Educação Básica do Paraná (Saep) é aquilo que poderíamos chamar de desperdício de dinheiro público. O dinheirinho que falta ao professor, ao funcionário da escola, à melhoria da infraestrutura, vai aos poucos sendo jogado no ralo devido a falta de competência administrativa dos atuais gestores da SEED. O custo desse Saep ainda é segredo de Estado. Quem elaborou as provas, segundo informações preliminares, foi uma universidade de Minas Gerais. As do Paraná ficaram chupando dedo.

A prova que será aplicada pelo governo do Paraná já é feita desde 2007 pelo Ministério da Educação (MEC): a Prova Brasil. A avaliação do governo federal, junto com as notas obtidas pelos alunos, compõe o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) que é divulgado de dois em dois anos. Na gestão do governador Beto Richa (PSDB), graças ao esforço de seu vice e secretário da Educação, Flávio Arns (PSDB), esse índice despencou vergonhosamente. Portanto, já existe uma aferição séria. Gastar-se-á à toa dinheiro para mais essa avaliação pelo Seap. (Pelo menos, dirá o mais otimista, saber-se-á duas vezes que a situação educacional no Paraná não é nada boa).

Arns e sua magnífica ajudante, Meroujy Cavet, a secretária de fato, descobriram uma mágica para ludibriar o sistema de avaliação nacional ao propor um “intensivão” por meio de seu Saep. Extingue-se ou diminui a carga horária das disciplinas que fazem pensar – sociologia, filosofia, arte e língua estrangeira, por exemplo – e aumenta as de português e matemática. Muda-se, por decreto, a matriz curricular das escolas, sem muita discussão com a comunidade escolar.
Os cursos de filosofia e sociologia ajudam os alunos a ter um pensamento crítico acerca de sua realidade. Talvez isso justifique a contrariedade dos gestores da Educação. Em abril deste ano, numa entrevista na rádio CBN Curitiba, Richa dissera que uma pessoa “quanto mais instruída é uma pessoa mais ela é questionadora” (ouça o áudio). Ele criticava a exigência de diploma universitário para quem pretendia ingressar na Polícia Militar do Paraná.

Será que a mudança na matriz curricular foi ardilosamente planejada pelo governo Richa ou foi uma “tacada de mestre”, isolada, da SEED?

Professores protestam sem parar nas redes sociais e se manifestam aqui neste blog contra a mudança na matriz curricular. No entanto, não conseguem convencer a APP-Sindicato, que representa a categoria, a boicotar ou questionar o pacote educacional de Arns/Meroujy. A entidade vem preferindo, desde o início do governo Richa, a política do “cafezinho” ao enfrentamento político. O resultado dessa relação amistosa, porém, não tem sido traduzido em ganhos concretos aos educadores ou na melhora da qualidade de ensino. Pelo contrário. A categoria ainda aguarda que promessas feitas pelo governo, no início do ano, sejam cumpridas.

Especialistas da área educacional dizem que a avaliação do próximo dia 22, somada à mudança na matriz curricular das escolas, não passa de “marketing político” do governo do Paraná para encobrir seu fracasso na gestão pedagógica.

A educação do Paraná pede socorro. Alvíssaras no horizonte, pois o Palácio Iguaçu aventa mudança no comando da SEED nos próximos dias. Mas não adianta trocar seis por meia dúzia. É preciso saber que rumo pedagógico seguir, coisa que até agora não se tem.

Fonte e Opinião: Blog do Esmael 

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