O administrador de empresas Leonardo Gotti, 44 anos, lembra como se fosse hoje da primeira compra que fez no setor de orgânicos do Mercado Municipal. Ele conheceu o espaço, primeiro do gênero no País, logo em seguida à abertura, em 2009. “Sempre venho ao Mercado de Orgânicos, as frutas, verduras e carnes daqui não podem faltar lá em casa”, conta Leonardo. Neste domingo (12/02), ele terá um motivo especial para voltar ao local: o Mercado de Orgânicos completa oito anos de funcionamento.

Para festejar a data, a Secretaria Municipal de Abastecimento e Agricultura e a Associação de Permissionários Estabelecidos no Mercado Municipal (Ascesme) vão promover, de quarta (15) a sexta-feira (17), a Semana do Setor Mercado de Orgânicos – Aniversário de 8 anos. Nos três dias, das 9 às 17 horas, estão programadas aulas-show e uma exposição com os produtos comercializados nos boxes e bancas.

Entre os chefs, nutricionistas e celebridades que darão dicas nas aulas-show está a curitibana Pati Bianco, do blog Fru-Fruta, com 600 mil seguidores no Instagram. A designer tornou-se febre nas redes sociais por ser alérgica a ovo e a leite e dividir descobertas do mundo da culinária saudável. As aulas-show vão ocorrer às 13 horas.

Na quarta-feira (15), também será oferecido um bolo de oito quilos para o público e, no dia 17, às 15 horas, será feito o sorteio de uma cesta de produtos orgânicos entre todos os visitantes do evento que se cadastrarem. A programação é gratuita e não precisa de inscrição.

Estrutura
Nos 22 boxes e bancas, a ampla oferta de produtos livres de agrotóxicos e aditivos químicos é o diferencial que atrai cerca de mil pessoas por dia. Quem percorre o espaço, de 1,2 mil metros quadrados, pode levar para casa uma variedade de hortifrutigranjeiros, cereais, especiarias, carnes, roupas e até cosméticos, além de saborear os cardápios de um restaurante, um café e uma lanchonete.

O secretário municipal de Agricultura e Abastecimento, Luiz Gusi, recorda que, há oito anos, o grande desafio do setor de orgânicos era estabelecer uma cadeia produtiva que compreendesse o produtor, a indústria, o serviço e o consumidor. “Não tínhamos referências, não havia uma cultura disseminada de certificação, bem como empreendedores preparados para atender o público”, diz Gusi. Na época da inauguração, ele era diretor do setor responsável pelo Mercado Municipal na secretaria e comandou a implantação do espaço de orgânicos durante a gestão do então prefeito, o governador Beto Richa.

“Mas a consolidação do Mercado de Orgânicos, graças, inclusive, a uma parceria com o Sebrae, mostra que estabelecemos as diretrizes corretas para esta cadeia produtiva, mantendo sempre a identidade do espaço, bem como a do próprio Mercado Municipal”, reforça o secretário.

Segundo Gusi, só há motivos para comemorar, pois o espaço conta com empreendedores consolidados e com um fluxo constante de consumidores.

Pioneirismo
Inaugurado com o Mercado de Orgânicos, o box da Cativa Natureza, a primeira rede de lojas especializada em cosméticos com insumos orgânicos certificados, é um exemplo de que o estabelecimento da cadeia produtiva traz benefícios para todos. “Hoje, temos 24 linhas com 104 itens que têm matérias-primas de fornecedores que não usam corantes e fragrâncias, bem como que são livres de ingredientes petroquímicos, de origem animal e de transgênicos. Nem teste em animais fazemos”, conta a diretora da empresa Rose Bezecry, 49 anos.

Os produtos da Cativa, entre cremes faciais e para o corpo, séruns, protetores, gel dental, hidratantes, xampus, óleos essenciais e até BBcream, são procurados tanto por consumidores que preferem itens livres de ingredientes sintéticos como por quem tem alergia ou está passando por algum tratamento médico. “Por serem hipoalergênicos (sem conservantes), eu uso os produtos da Cativa há mais de oito anos. Como minha pele é muito sensível e tenho alergia, eu sempre tenho um sérum, um creme ou sabonete da marca”, conta a professora aposentada Conceição Matias, 65 anos, que já era cliente da Cativa antes da abertura do box no Mercado de Orgânicos.

Grande Curitiba
Na banca Espaço Orgânico, comandada por Daniel Chella, 39 anos, boa parte dos hortigranjeiros vem direto de agricultores familiares de São José dos Pinhais, Campo Magro, Campo Largo e Colombo. “Nosso mix é muito grande e sempre fresquinho, temos parceria com mais de 40 produtores, muitos da Grande Curitiba”, explica o comerciante, apontando com orgulho para a variedade de tomates, alfaces, limões, abacaxis, alhos, ovos, cebolas, maracujás, temperos e bananas. Até leite orgânico, acrescenta ele, dá para levar para casa sob encomenda.

Frequentadora da banca de Daniel e também dos demais comerciantes do Mercado de Orgânicos, a jornalista Daisy Carias de Oliveira, 34 anos, recorda que passou a consumir com maior frequência produtos orgânicos, principalmente hortifrutigranjeiros e carne, após o nascimento do filho Vinícius, de 6 meses. “Ele já está comendo pedacinhos de batata, inhame e abobrinha. Quero ensiná-lo a comer esses alimentos saudáveis desde pequeno”, salienta Daisy, que também é mãe de Francisco, de 6 anos.

Como saber se é um produto orgânico?
Mais do que estar livre de agrotóxicos, os alimentos orgânicos, sejam in natura ou processados, precisam passar por constante processo de auditoria para serem certificados como, de fato, orgânicos.

O selo do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica garante que um produto processado ou embalado está mesmo de acordo com a lei.

Para receber o selo, o Ministério da Agricultura, por meio de certificadoras, garante que um produto não recebeu adubos químicos, agrotóxicos, hormônios, antibióticos, insumos geneticamente modificados, radiação ou qualquer aditivo sintético. Produtos a granel devem ter uma identificação, como plaquinhas indicando que também estão em conformidade.

Os orgânicos são sustentáveis?
Sim. A produção orgânica segue os princípios agroecológicos, com uso responsável do solo, da água, do ar e dos demais recursos naturais, respeitando as relações sociais e culturais.

Na agricultura orgânica não é permitido o uso de substâncias, como fertilizantes sintéticos, antibióticos (no caso das carnes), agrotóxicos e transgênicos, que coloquem em risco a saúde humana e o meio ambiente.

Preço
No sistema orgânico, é preciso buscar uma solução que não envolva produtos sintéticos (antibióticos e adubos químicos, por exemplo) que barateiam a produção dos alimentos convencionais.

A diferença de filosofia também retrata os diferentes sistemas de produção. Por depender essencialmente de capinas manuais e de controles alternativos de pragas e doenças, a produção orgânica exige um grande volume de mão de obra.

Além disso, o maior custo de adubos orgânicos, o menor volume transportado e a menor durabilidade tornam o produto final mais caro. Assim, o sistema orgânico produz de forma mais saudável, porém em menor quantidade. O volume menor afeta diretamente a distribuição e o preço final, além do custo de certificação (que inclui o rastreamento da produção).

Os preços dos orgânicos baixaram consideravelmente, nos últimos anos, mas os custos sempre serão mais elevados que os da agricultura convencional. Nesse caso, a escolha do consumidor não deverá se basear no preço, mas sim por ingerir alimentos e produtos processados livres de fertilizantes sintéticos solúveis, antibióticos (no caso das carnes, por exemplo), agrotóxicos e transgênicos.

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Fonte: Prefeitura de Curitiba