AbserhO Conselho Universitário (Coun) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) decidiu suspender a reunião que analisaria, a partir das 9 horas desta quarta-feira (4), a adesão do Hospital de Clínicas (HC) à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), empresa criada pelo governo federal para gerir hospitais públicos.

De acordo com a assessoria de imprensa da universidade, uma manifestação liderada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Terceiro Grau Público de Curitiba (Sinditest-PR), que é contra a adesão, impediu o acesso de conselheiros ao local da reunião, no prédio da Reitoria.

O órgão informou que cerca de 300 pessoas participaram do protesto. Segundo o reitor da UFPR, Zaki Akel Sobrinho, não havia como colocar os conselheiros para dentro da reitoria, pois alguns manifestantes os esperavam com ovos nas mãos. Ele ainda confirmou a suspensão temporária da votação, e disse que, provavelmente, o encontro será realizado à tarde. Se a situação permanecer a mesma em frente a reitoria, o conselho estuda, inclusive, a possibilidade de mudar o local da reunião.

O Sinditest-PR contesta a informação repassada pela universidade de que os manifestantes bloaquearam os acessos da reitoria. Conforme a entidade, a entrada no prédio foi inviabilizada por seguranças privados da instituição, o que indicaria uma “estratégia política para desvirtuar o movimento dos trabalhadores”. Cerca de 500 pessoas, segundo o sindicato, participaram do protesto.

Sindicato teme de demissões

O medo do Sinditest-PR é de que o hospital não seja mais da UFPR e que haja demissão imediata dos 916 funcionários da Fundação da UFPR (Funpar) que atuam na instituição. No ano passado, a Justiça do Trabalho determinou que o HC exonerasse os trabalhadores contratados via Funpar e que eles fosse substituídos por servidores devidamente concursados.

Contudo, em entrevista ao jornal Gazeta do Povo divulgada no domingo (2) o reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em esclarecimento divulgado no domingo (2), Zaki Akel Sobrinho afirmou que o hospital garantiu a manutenção desses funcionários por cinco anos (tempo para aposentadoria de 60% dos trabalhadores da Funpar). Ele disse ainda que o HC continuará da UFPR e 100% público, atendendo somente pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). O reitor entende que, atualmente, a Ebserh é a única forma de evitar o sucateamento do HC e estagnar a crise que toma conta da instituição.

O Sinditest-PR, por meio de sua assessoria de imprensa, disse que não acredita nas afirmações do reitor. Para eles, não haverá uma manutenção propriamente dita e, se o HC começar a ser gerenciado pela Ebserh, haverá demissões escalonadas dos 916 contratados por intermédio da Funpar.

A UFPR mantém a informação de que os empregos serão mantidos por cinco anos, conforme anunciado pelo reitor.

Um dos manifestantes, Rodrigo Tomazini garantiu que não houve nenhuma medida para barrar a entrada dos conselheiros para a votação de adesão à Ebserh. “A gente estava protestando, mas não impedindo a entrada de ninguém no prédio. A único coisa que queremos é saber quem irá votar a favor já que votação será nominal e não secreta”, afirma.

O estudante de Arquitetura da UFPR Renan Diniz contou que já precisou ser atendido no HC diversas vezes. “A situação precária do hospital me comove. Acredito que a Ebserh não é a melhor medida para melhorar a situação do hospital, principalmente para o usuário do sistema público de saúde”, afirmou. Os manifestantes saíram da Reitoria em passeata pela Rua XV de Novembro por volta das 11 horas.

Fonte: Gazeta do Povo