a igreja antonio olinto prontaO que você diria se te contassem que é possível ver uma igreja ucraniana no meio do Paraná? Criada pelos primeiros imigrantes, com projeto do leste europeu e tudo, Antonio Olinto abriga essa pérola.  Se uma das características do povo ucraniano é a religiosidade, então a Igreja Ucraniana de Antônio Olinto é um ponto alto do turismo religioso no Paraná.

Vamos ver um pouco mais?

O início…
Em todo o Estado, 78% dos imigrantes ucranianos são católicos do rito oriental, 4% são ortodoxos e o restante está dividido entre várias igrejas protestantes, sobretudo a Batista. Naqueles distantes anos do final do século XIX, os imigrantes não tinham assistência religiosa por falta de sacerdotes – mesmo com os padres brasileiros havia dificuldade, já que não conheciam a língua. Somente em 1898, os núcleos coloniais receberam a primeira visita pastoral de D. José de Camargo Barros, então primeiro Bispo de Curitiba, e o relatório dele ao Núcleo Apostólico, no Rio de Janeiro, ajudou – e muito – a mudar essa situação: havia a necessidade de novos missionários e de uma assistência espiritual mais apropriada.

Aí chegamos na nossa Antonio Olinto, cujos imigrantes ucranianos partilhavam com os poloneses da mesma capela, com reuniões religiosas acontecendo simultaneamente na mesma capela que o governo construiu. Um avanço? Nem tanto, já que haviam muitas questões e brigas mal resolvidas, e tais divergências levaram ao abandono por parte dos ucranianos que seguiam com a sua fé até um prédio recém-adquirido para este fim.

Subindo aos céus
Mas essa ‘’capela provisória’’ só aumentou a vontade de ter seus próprios templos. A paróquia ucraniana, existente desde 1890, coloca a pedra fundamental em 1902 daquela que seria a igreja que se mantém até hoje. Era pequena, feita de imbuia, com 15 metros de cumprimento por 8 de largura. Quando ela terminou, havia também um campanário para o qual adquiriram seis sinos de tamanhos médios – mas suficientes para o que eles pretendiam.
E a construção foi em um ritmo lento: Em 1904, para ter ideia, apenas a parte central e a cúpula estavam prontas. Após ficar três anos parada, o padre João Michalczuk, retomou a obra em 1911. Para manter tudo da maneira mais fiel possível, o projeto foi feito em Jovkwa, na Ucrânia.

Abandono e recuperação
Esse patrimônio religiosos/cultural ganhou alguns problemas ao longo dos anos. Em um relato datado de 1977, ano da conclusão real da igreja, o padre que era responsável pela paróquia, Pedro Blachauchem, descrevia assim o local:
“A igreja está pintada de uma côr gêlo e as cúpulas, de alumínio. Suas paredes duplas abrigam vários enxames de abelhas. A parte interna, de um azul claro, em cima verde claro, em baixo, está toda decorada. N a parte inferior das 5 cúpulas, várias pinturas representam os 4 evangelistas e os momentos mais significativos da vida de Jesus e de Maria. Entretanto pela porta da frente deparamos em primeiro plano numa meia parede em cima com uma grande pintura representando Nossa Senhora com o seu manto protegendo a igreja e o povo. O número de quadros e pinturas da Virgem Santíssima chega a 11. A igreja possui instalação elétrica e dois refletores voltados para o belíssimo quadro central de Nossa Senhora dos Corais, o qual, dado seu inestimável valor, corre sério perigo, devido à total falta de segurança. O altar é grande, bonito e bem cuidado. As paredes ao seu redor necessitam de reparos quanto à decoração…”

O relato seguia ainda citando o estado do assoalho de taboas de imbuia e dos bancos “… muito estreitos’’ e do campanário ‘’que necessita de pintura e de uma bengala, pois com os fundamentos apodrecidos inclina-se perigosamente’’, dentre outros apontamentos – sem contar a presença constante de gambás, lagartos e cobras.

Peregrinação
Hoje , o local é patrimônio cultural do Paraná e está bem diferente. É centro de peregrinação de religiosos e chama a atenção por sua beleza, pelas suas atratividades arquitetônicas e pelo quadro bordado com ouro e pedras preciosas com a imagem de Nossa Senhora dos Corais. Aliás, conta a história que Anastásia Hladczuk teve a ideia do quadro em um sonho, e revelou ao Padre João Michalezuk. Este então colocou em prática o quadro que a moça havia sonhado. Em 1913 começou a coleta dos corais e pedras preciosas e, nove anos depois, veio o desenho da imagem da santa da Galícia. Em 1923 a obra foi ganhando vida pelas irmãs Vanda e Lidia, da Congregação a Santa Família de Curitiba, para a conclusão em 1931. A obra veio até Antonio Olinto, mas como não havia um lugar apropriado para colocá-lo, o quadro ficou guardadinho até 1933. Durante este tempo, a imagem era apresentada ao povo para venerá-la, sempre no último dia do mês de maio.

Está na igreja em definitivo desde o 1º de maio de 1933 – e muitos relatam que, naqueles tempos, esta imagem era mais brilhante, e nem mesmo os refletores e as luzes de hoje conseguem deixar ela mais clara – pelo contrário, está cada vez mais escura.

Uma história e tanto!

Fatos Marcantes
– O primeiro batizado registrado nos livros da igreja foi realizado pelo Pe. Clemente Bzukhovskij, OSBM, em 1903;
– O atendimento pastoral começou a ser regularmente prestado em 1911;
– O convento das Irmãs Servas foi construído apenas em 1932, e a escola, em 1969;
– A igreja atual foi concluída em 1977;
– Quando foi fundada, haviam 140 famílias. Hoje, a comunidade é formada por um pouco menos de 100;

Se você não conhece esta linda beleza arquitetônica e religiosa do Paraná, vá, a igreja é um dos pontos altos do nosso estado, o povo é extremamente receptivo e a cidade reserva ainda lindas paisagens naturais no caminho.

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