O governador Beto Richa (PSDB) não nega que a eleição de Gustavo Fruet (PDT) para prefeito de Curitiba com o apoio do PT dificultou seu projeto de reeleição para o governo em 2014. Mas exibe desde já dois argumentos centrais para sustentar otimismo para a disputa do ano que vem, quando deve buscar um novo mandato no Palácio Iguaçu. Primeiro: diz ter um legado de obras e realizações a defender pelo período em que foi prefeito da Capital, reeleito em 2008 com votação de mais 70%, batendo justamente a hoje ministra chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT), sua provável adversária na próxima eleição. Segundo: ao contrário de 2010, quando disputou o governo contra o ex-senador Osmar Dias (PDT), com o apoio de cerca de 60 prefeitos e mesmo assim venceu no primeiro turno, no ano que vem tem tudo para ver sua votação multiplicada no interior do Estado.


E é justamente no contato direto com a população que o tucano aposta suas fichas para garantir mais quatro anos no poder. Não por acaso, tem visitado em média dez cidades por semana, e espera até o final do ano a ser o primeiro governador a percorrer pelo menos uma vez todos os 399 municípios paranaenses, ainda durante o mandato e bem antes da campanha eleitoral.

Em entrevista exclusiva ao Bem Paraná, Richa fala sobre como está se preparando para a eleição do ano que vem, reafirma as críticas ao governo federal e aos ministros paranaenses, e comenta a polêmica que envolveu o subsídio do Estado para o transporte coletivo de Curitiba.

Bem Paraná – O senhor está completando este mês dois anos e meio de mandato. De todas as realizações que conseguiu implementar nesse período, o que considera mais importante? Qual a marca de sua administração até o momento?
Beto Richa – É um governo humano, com conceitos importantes de diálogo, democracia, ações transparentes. Mas acima de tudo acho que o respeito. As pessoas percebem que é um governo de harmonia, de união. E isso tem feito a grande diferença. Com esses conceitos mais os bons programas, conseguimos resgatar a confiança com a sociedade, com o setor produtivo. Estão aí os números do maior ciclo (de crescimento) industrial do Paraná. Estamos já com R$ 25 bilhões de investimentos confirmados. Só esses investimentos do Paraná Competitivo começam a gerar com o início de operação dessas indústrias 140 mil empregos. Nessa área de emprego, o Paraná nos últimos dois anos e quatro meses que foi a última avaliação do IBGE, geramos 260 mil empregos com carteira assinada. Na última avaliação, no primeiro trimestre, foi o terceiro estado do Brasil, e o primeiro do Sul. Crescimento industrial, os primeiros do País. Ou seja, na contramão da desindustrialização do Brasil. Hoje ainda me falaram que em uma palestra em Florianópolis um diretor da Fundação Cabral colocou que o Paraná é o ‘tigre asiático’ do Brasil.

Bem Paraná – O secretário da Fazenda Luiz Carlos Hauly disse recentemente que o Brasil acaba atrapalhando o Paraná. O senhor concorda?
Beto Richa – Nós somos brasileiros, estamos dentro desse contexto. Mas posso dizer que o Paraná está muito acima da média nacional em todos os indicadores, econômicos e sociais.

Bem Paraná – A política econômica federal hoje é um problema para o Paraná?
Richa – É um problema para o Brasil, nós estamos inseridos nesse contexto. Eu já há algum tempo vinha ouvindo de investidores, empresários, industriais, o setor produtivo, a preocupação com os rumos que o Brasil vinha tomando. E agora nós estamos vendo, é concreto hoje. Preocupação com a volta da inflação, com a recessão, com a falta de competitividade. Isso eu ouvi lá fora conversando com investidores. A própria Renault, lá na França. A falta de competividade é o que mais preocupa os investidores. Justamente por falta de investimento em infraestrutura, que é um gargalo crítico. Nós estamos fazendo a nossa parte. Investimentos em portos, aeroportos. Só em Londrina são R$ 27 milhões, estamos ajudando na desapropriação dos imóveis, para poder o governo federal poder fazer os investimentos da ampliação da pista. Os investimentos nas rodovias da malha estadual foram R$ 850 milhões em um ano e meio lançados. A retomada dos investimentos no Anel de Integração, que eu dizia em campanha que ia despolitizar o assunto (pedágio), chamar (as concessionárias) para uma conversa e está aí: os principais trechos, os mais críticos em duplicação. Final do mês nós vamos inaugurar Medianeira-Matelândia (Oeste), onde muitos devem se lembrar, morreram aquelas crianças em uma van que estava indo para Foz do Iguaçu participar de um campeonato de artes marciais. Final do mês inauguramos 15 quilômetros e já dou a ordem de serviço para seguir em direção a Cascavel. Mas não toda a obra, porque a população de Cascavel, através das lideranças, me pediu que fizesse o trecho que é mais congestionado do trevo Cataratas em direção ao trevo São João. Temos ordem de serviço recentemente para duplicação de Ponta Grossa a Apucarana, R$ 1,2 bilhão a concessionária vai investir, 231 quilômetros. Estamos com os projetos de PPP (Parceria-Público-Privada) para a duplicação – é o maior gargalo do Paraná hoje, cada vez que eu vou para a região o pessoal me pede: ‘nem que seja concessão, PPP, nós queremos ver essa obra realizada, não aguentamos mais ver tanto acidentes’, lá de Maringá, Umuarama até Guaíra, passando por Cianorte, são 250 quilômetros. Então tem vários trechos, o investimento é vigoroso nesta área. Posso citar o Porto de Paranaguá, só com a mudança da gestão, mais eficiente, nós batemos o recorde no corredor de exportações, na movimentação de cargas, 41 milhões de toneladas em 2011, em 2012 44 milhões e meio e esse ano vamos chegar perto de 50 milhões de toneladas. Ninguém percebeu que não tivemos filas no porto.

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Fonte e foto: Bem Paraná