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André Rodrigues/ Gazeta do Povo

Curitiba terá de investir mais no atendimento básico de saúde e nos Centros Municipais de Urgências Médicas (CMUMs) para desafogar os três hospitais que atendem emergências na capital pelo SUS e estão no limite da capacidade. O sistema composto pelo Hospital Cajuru, Hospital Evangélico e Hospital do Trabalhador tem mostrado sinais de esgotamento – da última quinta-feira até o último domingo pela manhã, por exemplo, o Cajuru teve de restringir a entrada de pacientes em ambulâncias do Samu e Siate.

Segundo os gestores do Cajuru, a única forma de manter o atendimento no curto prazo, evitando a superlotação, é garantindo que só sejam recepcionados os casos mais graves. O diagnóstico feito pela gestão municipal é o mesmo. O novo secretário de Saúde, Adriano Massuda, admite que esta retaguarda hospitalar – que poderia ser feita pelos CMUMs – é insuficiente e até desorganizada. Em entrevista à Gazeta do Povo (leia mais nesta página), Massuda promete fortalecer a rede básica de saúde para diminuir o número de pacientes nos centros de urgência e, assim, fazer com que esses CMUMs se foquem no atendimento de baixa e média complexidade. “Os CMUMs estão estrangulados porque têm uma demanda que poderia ser resolvida na atenção básica”, afirma.

Se os centros municipais fizessem um pré-diagnóstico antes de o paciente ir ao hospital, isso evitaria as filas de espera e a lotação dos leitos. “Somos um hospital de alta complexidade, mas atendemos a muitos casos que nem deveriam chegar até aqui”, afirma o diretor-geral da área de saúde do Grupo Marista – que administra o Hospital Cajuru –, Álvaro Quintas.

Segundo ele, o Cajuru recebe, por exemplo, pacientes com o tornozelo inchado, que poderiam ser tratados em postos de atendimento básico. “O problema é que o hospital é porta aberta e não podemos negar atendimento a quem chega. Temos uma equipe de alta complexidade sendo subutilizada”, lamenta.

Repasses

O superintendente de Saú­­de do Hospital Evangélico, Ro­­gério Kampa, também defende o pré-diagnóstico nas unidades de saúde e diz que a crise nos hospitais que atendem emergência pode ser explicada ainda por outros fatores, como o atraso no repasse das verbas dos atendimentos feitos pelo SUS, a defasagem na tabela de pagamento (incapaz de cobrir os gastos dos hospitais) e a grande procura dos moradores da região metropolitana.

O Evangélico enfrenta problemas com os funcionários que ameaçam fazer greve por falta de pagamento dos salários. De acordo com Kampa, a promessa de pagamento por parte do governo federal existe, mas ainda não foi efetivada.

Problemas

CMUMs estão sempre lotados e têm estrutura precária

Organizar a administração do sistema público de saúde é um dos primeiros passos para fazer com que a população não busque atendimento de saúde no lugar errado e acabe ocupando um leito de alguém que precisa mais. Mas, além disso, para que os Centros Municipais de Urgências Médicas (CMUMs) de Curitiba possam atender a população que efetivamente não precisa buscar tratamento no hospital, é preciso que esses centros estejam bem estruturados, o que não acontece.

Uma auxiliar de enfermagem do CMUM do Boqueirão, que prefere não ser identificada, afirma que os leitos dos centros estão sempre lotados e falta infraestrutura. “Os pacientes precisam pedir aos familiares para levar cobertor de casa, porque nem isso temos em número suficiente. Às vezes falta tubo de oxigênio, que precisa ser pego emprestado de alguma ambulância”, conta.

Fonte: Gazeta do Povo