Os Armazéns e Sacolões da Família, as feiras, os mercados e os restaurantes populares da Prefeitura vão ganhar um programa de redução de desperdício de alimentos em 2018. Para isso, a Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento iniciou, neste mês, uma nova etapa do projeto Ciclo do Alimento em Curitiba, uma parceira com a Royal Institute of Technology (KTH), da Suécia; a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR); a Universidade Federal do Paraná (UFPR); a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e a Universidade Positivo (UP).

Até o fim deste ano, todos os estabelecimentos administrados pela secretaria passarão por um raio x para saber o volume de produção de resíduos orgânicos e qual é o destino desse material atualmente. As instituições de ensino serão responsáveis por fazer o levantamento e também apontar soluções para a redução do desperdício nos estabelecimentos do município no próximo ano.

Iniciada no fim de 2013, a cooperação entre a Prefeitura e as instituições de ensino sueca e paranaenses, visando a troca de experiências e a realização de pesquisas, também compreende projetos de mobilidade e planejamento urbano, os primeiros que foram desenvolvidos e que receberam propostas de melhorias.

“Chegou a hora de buscarmos soluções criativas, inovadoras e sustentáveis para a questão do desperdício no ciclo do alimento, que passa pela produção, transporte, comercialização e consumo”, destacou o secretário municipal de Agricultura e Abastecimento, Luiz Gusi, em recente encontro com representantes das universidades.

Não existem dados oficiais sobre o problema, mas estima-se que entre 20% a 30% de todo alimento produzido é desperdiçado no País.

Mapeamento

Cada instituição de ensino participante do Ciclo do Alimento em Curitiba ficou responsável por estabelecimentos da secretaria. A PUCPR fará o diagnóstico das feiras livres, restaurantes populares e Armazéns da Família. A UFPR terá o Mercado Municipal e o Mercado Regional Cajuru. A UTFPR fará o levantamento nos Sacolões da Família. A UP mostrará a situação das feiras orgânicas. A universidade sueca é responsável por trazer as experiências de sucesso do continente europeu.

Professora do Departamento de Hidráulica e Saneamento da UFPR, Selma Aparecida Cubas coordena os trabalhos da universidade e, até o ano passado, também respondia pela participação da UP. “O corpo acadêmico quer colaborar com o Plano de Segurança Alimentar da secretaria e, para isso, vamos mostrar a situação atual e como deve ser o trabalho de redução de desperdício nos diferentes estabelecimentos da Prefeitura”, salienta ela.

Representante da PUCPR no projeto, a professora e coordenadora do Curso de Engenharia Ambiental da instituição, Fabiana Andreoli, reforça que o projeto Ciclo do Alimento em Curitiba vai mapear todo o caminho dos alimentos que são comercializados pelos estabelecimentos da Prefeitura. “No caso das feiras livres, restaurantes populares e Armazéns, queremos dar soluções sustentáveis e viáveis”, antecipa a especialista.

Situação

Durante o encontro, foram apresentados dois estudos preliminares sobre a produção de resíduos de alimentos em estabelecimentos da secretaria.

O primeiro, das estudantes Daiane Pereira e Daniela dos Santos Appel, da UP, apontou deficiências de acondicionamento, separação e transporte de resíduos sólidos nos Mercados Municipal e Mercado Regional Cajuru. Sacos rasgados devido ao excesso de lixo, utilização incorreta de cores das embalagens, papelão acondicionado em local inadequado e resíduos separados nos corredores foram alguns dos problemas encontrados.

Já o estudo feito pelos estudantes Alessandra Pasche e José Roberto Hino Júnior, da UFPR, avaliou a situação dos resíduos orgânicos nas feiras livres, orgânicas e Nossa Feira. Problemas, como falta de locais para separação e acondicionamento dos resíduos próximos às bancas, foram encontrados principalmente nas feiras livres. Os estudantes apresentaram, inclusive, possíveis soluções, como instalação de contêineres para resíduos orgânicos, recicláveis e de rejeitos para os feirantes e, em separado, para os fregueses.

O assessor de Relações Internacionais da Prefeitura, Rodolpho Zanin Feijó, participou do encontro e destacou que a Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento está desenvolvendo um projeto inovador de sustentabilidade da cadeia do alimento. “A redução da geração de resíduos é um dos grandes desafios das metrópoles e Curitiba não poderia deixar de ser pioneira nesta questão, observou ele.

Programa também vai envolver a população
A nova fase do projeto Ciclo do Alimento em Curitiba também vai envolver a população, que será incentivada a reduzir o desperdício de alimentos. O secretário municipal de Agricultura e Abastecimento, Luiz Gusi, lembra que grande parte dos produtos desperdiçados poderia ser reaproveitada de outra forma.

De acordo com ele, as propostas das universidades devem incluir ações para conscientização das pessoas da importância de se aproveitar 100% do alimento. “Essas boas práticas também vão ajudar a diminuir o acúmulo de lixo orgânico nas residências das pessoas”, salientou o secretário.

Gusi cita, por exemplo, as cascas de frutas e legumes, que têm um alto valor nutricional, inclusive vitaminas e sais minerais, e podem virar chás ou farinhas. “Além disso, se não tiver em mente o que fazer com os talos e folhas, uma excelente ideia é reaproveitá-los em refogados, recheios, bolinhos, farofa, entre outras receitas e se beneficiar da grande quantidade de fibras presentes nessas partes das hortaliças”, acrescenta o secretário.

Fonte: Prefeitura de Curitiba