Eleito presidente estadual do PSDB no último domingo, o deputado Valdir Rossoni garantiu ontem que o senador Alvaro Dias terá a vaga de candidato do partido ao Senado caso deseje disputar a reeleição. Rossoni confirmou que gostaria de disputar o cargo, mas afirmou que abre mão em favor de Alvaro, que ensaia uma reaproximação com a cúpula tucana estadual após um longo histórico de divergências.

“Nós temos nossas diferenças, que não são poucas. Mas quando você assume um partido, tem que fazer o que é melhor para o partido. Se ele (Alvaro) desejar ser candidato eu abro mão”, explicou Rossoni.

As desavenças entre Alvaro e o comando do PSDB local vêm desde 2010, quando ele tentou emplacar uma candidatura ao governo pela legenda, mas foi preterido em favor do então prefeito de Curitiba e hoje governador Beto Richa (PSDB). No ano passado, o senador voltou a bater de frente contra os colegas tucanos paranaenses, quando criticou duramente a decisão da sigla de não lançar candidato próprio à prefeitura de Curitiba para apoiar a reeleição do ex-prefeito Luciano Ducci (PSB). A decisão levou Gustavo Fruet (PDT) a deixar a sigla. Fruet acabou eleito e Ducci sequer chegou a segundo turno.

Com a vitória de Fruet e a necessidade de reforçar seu projeto de reeleição, o governador tomou a iniciativa de buscar a reaproximação com o correligionário. Um dos sinais desse processo foi a trabalho feito por Alvaro a pedido do governador para a aprovação de pedido de autorização de empréstimo internacional de R$ 700 milhões ao Paraná no Senado. O projeto deveria ter sido votado no final do ano passado, mas acabou sendo barrado pelo senador Roberto Requião (PMDB), que alegou falta de informações sobre o destino do dinheiro.

No início do ano, Alvaro pediu urgência para a votação da proposta, gesto que foi reconhecido por Richa. No domingo, o senador preferiu não participar da convenção que elegeu o novo comando do PSDB paranaense, mas foi elogiado pelo governador como sendo um dos parlamentares mais combativos do partido no Congresso.

Reticências — A reaproximação acabou levando Rossoni a mudar seu discurso. Até então, o deputado, que também preside a Assembleia Legislativa, manifestava a intenção de disputar no voto a indicação de candidato ao Senado pelo PSDB local. Isso levou a especulações de que Alvaro Dias pudesse mudar de partido.

Agora, Rossoni já admite deixar de lado o projeto de ser senador para disputar um vaga na Câmara Federal. Ele descarta concorrer novamente à Assembleia. “Um dos motivos pelos quais eu pretendo ser candidato a deputado federal é que eu não desejo mais permanecer na Assembleia. Já fiz tudo o que eu deveria fazer aqui”, alegou.
Na convenção, Rossoni venceu a queda de braço com o líder do governo na Assembleia, deputado Ademar Traiano, pelo comando do PSDB. Após intervenção de Richa, Traiano retirou sua candidatura à presidência da legenda. Em troca, recebeu a promessa de ter o apoio para ser o próximo presidente do Legislativo estadual, caso se reeleja deputado.

Alvaro reagiu com reticência à movimentação da cúpula tucana paranaense. “Estou aguardando assentar a poeira das divergências políticas para que o reencontro com o PSDB do Estado seja mais eficiente do que seria agora”, alegou à rádio CBN. “Há divergências daqui para lá e de lá para cá. Mas é evidente que existe um adversário maior. Em política você tem que esconder um lado. Nós temos que trabalhar para tentar mudar o modelo de aparelhamento, de balcão de negócios no governo federal sob o comando do PT”, explicou.

Fonte: Bem Paraná