O desenvolvimento das principais cidades do interior do Paraná revela um efeito colateral grave que tem ocorrido no estado. As últimas estatísticas divulgadas pela Secretaria de Estado da Segurança Pública mostram que as regiões de Foz do Iguaçu, Londrina, Cascavel e Paranaguá, que concentram hoje 26% dos homicídios dolosos do estado (com intenção de matar), têm taxas de assassinatos maiores do que o Rio de Janeiro, que atualmente tem índice de 17 mortes por 100 mil habitantes.


Entre os casos mais graves está o Oeste do Paraná. A região de Foz do Iguaçu pode fechar o ano com 41,9 homicídios para cada 100 mil habitantes. A área representa o problema de sete cidades (veja no mapa). A região de Londrina é outra que não conseguiu frear o avanço dos assassinatos e pode fechar o ano com 25,4 homicídios por 100 mil habitantes.

Para o sociólogo da Ponti­­fícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Lindomar Bonetti, o crime tende a seguir o desenvolvimento econômico quase que naturalmente. “É uma dinâmica que se repete em grandes centros”, comenta. Na opinião dele, esse é o resultado da transformação desses municípios em “capitais” das regiões do entorno.

Bonetti ressalta que o Estado deveria ter se antecipado a esses problemas, o que não ocorreu. “O Estado precisa se fazer presente. E na periferia desses locais com muito mais força. Todo processo de mudança tem suas consequências”, afirma. O especialista lembra que é necessário unificar ações de todas as áreas. “Precisamos integrar educação, segurança, saúde, economia”, diz.

Diferenças

Para o subcomandante geral da Polícia Militar do Paraná, coronel César Alberto Souza, essas regiões apresentam características específicas que motivam o aumento da violência. Em Londrina, por exemplo, a tese do oficial refere-se à influência paulista. “O crime migrou do interior de São Paulo para lá. Outro fator é o mau exemplo”, explica. Na avaliação dele, muitos criminosos de Londrina acabam copiando os crimes paulistas. A região deve receber mais um batalhão da PM em 2013 para tentar barrar a alta dos crimes, aumentando o número de policiais na cidade.

No caso de Foz do Iguaçu e Cascavel, segundo o coronel, a fronteira acaba alimentando o crime local. “Há essa influência da fronteira, que cria a oportunidade para o crime. Por isso criamos o batalhão de fronteira”, afirma. Ele explica ainda que, no caso de Cascavel, um único bairro, o Jardim Interlagos, onde foi criada recentemente uma Unidade Paraná Seguro (UPS), concentrava a maior parte dos crimes.

Além da UPS de Cascavel, será implantada ainda neste ano uma segunda unidade de polícia pacificadora no interior, em Londrina. Nesta semana, o governador Beto Richa anunciou que a instalação ocorrerá em dezembro. A UPS de Londrina será a 12ª do estado; as dez primeiras estão instaladas em Curitiba. Além das UPSs, o governo do Paraná pretende implantar o “projeto 300”. As 300 menores cidades do estado deverão começar a receber em breve uma viatura e mais policiais.

Litoral

Segundo o subcomandante geral da Polícia Militar do Paraná, coronel César Alberto Souza, o município de Paranaguá sofre o mesmo problema de violência das cidades fronteiriças. “Mas Paranaguá ainda não é um caso tão preocupante”, avalia. Segundo ele, o porto de Paranaguá também é um ambiente que cria oportunidades para o crime. A região do Litoral pode fechar o ano com 32,1 homicídios por 100 mil habitantes, mas Souza acredita que a situação deve melhorar na próxima temporada de verão. De acordo com ele, 150 policiais permanecerão na região de forma definitiva após o término da Operação Verão, em fevereiro do ano que vem.

Fonte: Jornal Gazeta do Povo 

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