Gustavo Fruet na oficialização da aliança com o PT

O pré-candidato a prefeitura de Curitiba, Gustavo Fruet, PDT, divulgou ontem em seu site um texto no qual explica a aliança com o PT para a disputa municipal. No texto, Gustavo fala sobre a sua luta contra a corrupção como parlamentar, diz que essa luta era conta a corrupção e não contra a instituição PT e reafirma que o escândalo da Câmara de Vereadores de Curitiba, então presidida pelo tucano, João Claudio Derosso, é proporcionalmente maior que o escândalo do mensalão.

Confira a íntegra da carta:

Aliança para o Futuro

Ser candidato a prefeito de Curitiba sempre foi um desafio.  Este projeto não é pautado só por determinação, mas também pelo incentivo dos que acompanham minha trajetória e pela vontade, que herdei do meu pai, de ajudar a construir uma cidade inovadora e mais humana. Uma missão!

Assim foi com a eleição de vereador e nos três mandatos de Deputado Federal, sendo que nas duas últimas eleições obtive a maior votação na capital.

Em 2010, quando recebi mais de 650 mil votos em Curitiba e fui o candidato a senador mais votado em nossa cidade, esse projeto amadureceu e ganhou força.

Como todos sabem, na época eu estava no PSDB. Partido pelo qual me dediquei e, nas eleições de 2010, abri mão da reeleição para a Câmara Federal e aceitei o desafio de concorrer ao Senado no prazo final. Sabia das dificuldades, mas queria ajudar em um projeto maior. E ajudei.

Entre novembro de 2010 e julho de 2011, trabalhei para mostrar aos dirigentes do PSDB a viabilidade de disputar a prefeitura de Curitiba nas eleições deste ano.

Mas, nem mesmo a votação expressiva obtida em 2010 e as pesquisas que sempre me colocaram com forte indicação popular para disputa deste ano foram suficientes para, ao menos, provocar o debate.

Jamais cobrei a imposição de uma candidatura. Queria ao menos participar do processo. Não cobrei e, inclusive, recusei cargos no governo do estado. Novamente, adoto postura diferente da política tradicional: abro mão do conforto de acomodar-me com cargo. Talvez seja o único que participa como pré-candidato sem ocupar cargo ou representar grupo econômico ou de comunicação.

Meu único pedido foi o de presidir o PSDB de Curitiba e preparar o partido para disputa deste ano, legitimado pelas votações, pesquisas e compromissos.

Para minha surpresa, me deparei com forças poderosas, que já tinham selado o destino do partido.

O presidente do PSDB de Curitiba e então presidente da Câmara, João Cláudio Derosso, vetou qualquer possibilidade da minha participação neste processo.

Todas as portas foram fechadas.

O silêncio constrangedor e as ações de bastidores revelaram que aquela altura já estava em curso um processo, conduzido pelo governador e por Derosso, que levaria o PSDB a apoiar a reeleição do atual prefeito. E para isso, o partido continuaria em comissão provisória, sem a menor possibilidade de uma prévia ou debate com democrática participação.

Como todos sabem, Derosso seria inclusive o candidato a vice-prefeito. Chegou a me procurar afirmando que “abriria mão” caso eu aceitasse a indicação para vice, deixando claro que não me restaria outra possibilidade.

Eles não contavam, porém com a revelação do esquema que por muitos anos manteve silêncio na Câmara de Curitiba.

Proporcionalmente os valores envolvidos pelo esquema comandado pelo ex-presidente do PSDB de Curitiba, João Cláudio Derosso são maiores que os promovidos pelo empresário Marcos Valério no episódio do Mensalão.

Na Câmara de Curitiba, as denúncias apontam recursos superiores a R$ 34 milhões. No Mensalão, as investigações revelaram cerca de R$ 55 milhões.

A partir da publicação das denúncias, em julho do ano passado, o governador e o prefeito se afastaram de Derosso, que passou a ser tratado como um indesejado aliado.

“Cuspido” do PSDB, como  afirmou o senador Álvaro Dias, tratei de buscar um novo caminho para levar adiante o desejo de ajudar nossa cidade. Omisso, estaria condenado ao isolamento e o que é pior: legitimando todas as condutas que sempre combati. Seria negar a política.  Buscar um novo caminho significa responder a novos desafios, romper barreiras e explicar as razões. Sem ressentimentos e mágoas e com olhar para o futuro.

No final de setembro do ano passado, filiei-me ao PDT, onde encontrei condições democráticas para promover o debate sobre o futuro de Curitiba.

Nos últimos meses, dedico-me ao contato com pessoas que conhecem nossa cidade e são fundamentais na elaboração de propostas para melhorar as condições de vida de toda população.

Um projeto tão grande não se constrói sozinho. Por isso, também tenho conversado com outros partidos que têm o desejo de trabalhar na Curitiba do futuro.

Quero ir direto ao ponto: tem sido motivo de debate o fato de eu ter recebido e aceitado o apoio do PT à minha candidatura a prefeito de Curitiba. Dizem algumas pessoas de boa fé e outras de muito má fé que minha aliança com o PT é incoerente com meu passado e inaceitável do ponto de vista político.

Não nego e não renego que, como parlamentar eleito uma vez pelo PSDB, um partido de oposição ao governo do PT, fui um dos mais severos críticos dos episódios de corrupção que mancharam a história brasileira ocorridos no período. Cumpri meu papel de oposicionista e parlamentar, mas sempre fiel a princípios, sempre buscando a verdade, nunca fazendo qualquer jogo em benefício próprio. Marquei minha atuação pela defesa do interesse público.

Logo, minha luta foi contra a corrupção e em favor da honestidade que deve imperar na administração pública. Por isso mesmo, coerentemente com meu passado, fui dos primeiros a condenar os desmandos na Câmara de Vereadores de Curitiba tão logo foram revelados. Fui dos primeiros a pedir o afastamento do principal responsável pelos escândalos que lá se perpetravam, o então presidente da Casa, o vereador João Cláudio Derosso. E o fiz de forma aberta e clara, na própria Câmara. Note-se que não eram do PT os autores dos desvios éticos de recursos públicos na Câmara.

Em Brasília, convivi com o que há de melhor e de pior na política brasileira. Posso afirmar que infelizmente os desvios não estão restritos a esse ou aquele partido. Há muitos exemplos de puro coronelismo, comando autoritário e cartorial.

Cada um é guardião da sua história. Guardião de suas convicções. A verdade não é linear. A política não permanece estática e o conflito e desequilíbrio são leis da natureza. O contraste irá realçar a aliança atingida. Caso contrário, é sua negação. Entender e compreender dará consistência e credibilidade.

Independente dos que fazem política apenas em proveito próprio, não podemos deixar de debater o futuro da nossa cidade e unir pessoas que podem ajudar no processo de evolução.  Fiz a opção de pessoas que têm compromisso social e não formam fila com as pessoas que ao longo dos anos e dos partidos avançaram para além do limite do aceitável na política local.

Curitiba é hoje uma cidade que mudou de escala. Em 2020, teremos mais de 3,4 milhões de pessoas vivendo na Grande Curitiba. Todas dependerão de serviços públicos de qualidade para se deslocar, para ter segurança, para ter saúde e qualidade de vida.

Neste sentido, o próximo prefeito precisa garantir parcerias que possam ajudar a viabilizar estes projetos. Nunca em sua história política, o Paraná teve tantos representantes no primeiro escalão do governo federal. Só para citar alguns nomes, podemos lembrar da ministra Gleisi Hoffmann, do ministro Paulo Bernardo, do secretário geral da Presidência Gilberto Carvalho e do vice-presidente de agronegócios do Banco do Brasil, Osmar Dias.

Por isso o trabalho conjunto com o governo federal, com a presidente Dilma Roussef e com a ministra Gleisi é tão importante.

Essa parceria vai ajudar, entre outras coisas, a melhorar o atendimento da saúde pública, no combate às drogas, na infraestrutura e nos projetos na área da mobilidade.

Agradeço mais uma vez a confiança dos militantes e dirigentes do PT. Iniciamos imediatamente o trabalho conjunto para construção de um plano de governo para nossa cidade.

As portas estão abertas para as pessoas e partidos que queiram participar deste processo de debate e democracia. E para as pessoas que dão identidade e clareza a partidos que tenham projeto.

 

FATOS QUE MARCARAM A MIGRAÇÃO DO PSDB PARA O PDT

Julho de 2010 – No prazo final para definição das candidaturas, Gustavo atende pedido pessoal de Beto Richa e abre mão da reeleição para a Câmara Federal e aceita disputar o Senado. O chamado de Richa só aconteceu depois que Osmar Dias anunciou que seria candidato a governador. A vaga de candidato ao Senado na chapa de Richa estava reservada para Dias.

Outubro de 2010 – Gustavo recebe mais de 650 mil votos em Curitiba e se torna o candidato ao Senado mais votado na capital.

Dezembro de 2010 – Gustavo decide não assumir nenhum cargo de no Governo do Estado para se dedicar exclusivamente a construção da candidatura a prefeito de Curitiba.

Janeiro de 2011 – Gustavo cobra dos dirigentes tucanos uma definição se o partido terá candidatura própria ou apoiará a reeleição de Luciano Ducci.

Fevereiro de 2011 – Em clara manobra para isolar Fruet no PSDB, o presidente do diretório tucano na capital, João Cláudio Derosso, marca convenção do partido para março. O objetivo de Derosso era se manter no comando no partido, encaminhar o apoio a reeleição de Luciano Ducci. Neste momento, Derosso já era cotado para compor como vice a chapa encabeçada por Ducci.

Março de 2011 – O presidente do diretório estadual do PSDB, deputado Valdir Rossoni, cancela a convenção de Curitiba.

Abril de 2011 – Beto Richa é eleito presidente do PSDB do Paraná e Derosso mostra força ao ser escolhido secretário executivo.

Junho de 2011 – Já isolado no PSDB, Gustavo segue cobrando um posicionamento de Beto Richa, que agora é o principal mandatário do partido no estado.

Julho de 2011 – Sem nenhum posicionamento da direção partidária, Fruet anuncia a saída do PSDB.

A Gazeta do Povo publica as primeiras denúncias contra o então presidente da Câmara de Curitiba, João Cláudio Derosso.

Setembro de 2011 – Gustavo Fruet anuncia filiação ao PDT para disputar a Prefeitura de Curitiba

 

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