argelia_250614Argélia e Rússia fazem amanhã, na Arena da Baixada, um jogo decisivo dentro de campo e potencialmente problemático na arquibancada. Os riscos de protestos políticos e de confrontos entre torcedores fizeram o Centro de Comando e Controle de Segurança, em Brasília, ligar o alerta para a última partida da Copa do Mundo de 2014 em Curitiba. As forças de segurança na capital paranaense já foram avisadas e reforçaram o monitoramento para prevenir possíveis distúrbios.

A maior preocupação é com os russos e extrapola o futebol. Antes da partida contra a Bélgica, no Maracanã, a intervenção de quatro agentes da Interpol na Rússia, que dão suporte à operação da Copa no Brasil, demoveu um grupo de torcedores que pretendia levar ao estádio faixas de protesto contra o presidente Vladimir Putin.

“A exibição de faixas não é permitida pela Fifa e a questão russa exige atenção especial. A intervenção com o auxílio dos agentes da Rússia evitou um problema entre eles, pois também há um grupo simpático ao Putin”, explicou Luiz Eduardo Navajas, chefe do escritório da Interpol no Brasil.

Intervenção similar havia evitado protesto e briga dentro da torcida do Irã, no jogo contra a Nigéria, em Curitiba. Na revista foram detectadas duas bandeiras do país com o desenho anterior à Revolução Islâmica de 1979. O material foi guardado e os policiais iranianos conseguiram evitar um confronto entre torcedores com posições políticas opostas.

No caso russo há outro fator. A ação militar do país na Crimeia fez a Associação Brasileira de Inteligência (Abin) levantar a possibilidade de protestos da colônia ucraniana em Curitiba, a maior dentro do Brasil.

“Estamos monitorando as redes sociais, com o auxílio da Secretaria de Segurança, para levantar algum indício de manifestação. Por enquanto, nenhum sinal”, disse o delegado Clóvis Galvão, titular da Delegacia Móvel de Apoio a Futebol e Eventos de Curitiba (Demafe).

Com os argelinos a preocupação é meramente esportiva. Famosa por fazer mosaicos de fogo na arquibancada, a torcida do país africano apoia a seleção com uma intensidade que, rotineiramente, desemboca em brigas. Foi o que aconteceu antes do jogo com a Coreia do Sul, em Porto Alegre, quando um desentendimento entre os próprios argelinos mandou um deles para o ambulatório com uma hemorragia no olho.

“Os nossos agentes, junto com os agentes argelinos e os policiais, identificaram os indivíduos mais perigosos, as lideranças da torcida e conversaram com eles. É uma torcida mais fervorosa, mas entendeu. No fim, deram até beijinho no rosto das nossas agentes femininas”, diz Navajas.

Amanhã, a operação do jogo na Arena terá o acompanhamento de quatro agentes argelinos e quatro russos. Serão eles a fazer o contato com os torcedores mais problemáticos para evitar que o alerta se transforme em uma mancha na despedida curitibana da Copa

Fonte: Gazeta do Povo