A partida entre Operário Ferroviário e América-MG, válida pela sexta rodada da Série B do Campeonato Brasileiro, foi marcada por um grave incidente. Aos 30 minutos do primeiro tempo, o atacante Allano, do Operário, acusou o meia Miguelito, do América-MG, de proferir ofensas racistas. Segundo Allano e o capitão do Operário, Jacy, que testemunhou o episódio, Miguelito teria usado a expressão “preto do caralho” durante uma disputa de bola.
O árbitro Alisson Sidnei Furtado, seguindo o protocolo antirracismo da CBF, interrompeu o jogo por 15 minutos, sinalizando com os braços cruzados em forma de “X”. Apesar da denúncia, nenhuma punição imediata foi aplicada a Miguelito, que continuou em campo até o intervalo, quando foi substituído.
Prisão em Flagrante Após a Partida
Após o término do jogo, que terminou com vitória do Operário por 1 a 0, Miguelito, Allano e Jacy foram conduzidos pela Polícia Militar à 13ª Subdivisão Policial de Ponta Grossa, no Paraná. Com base nos depoimentos da vítima e da testemunha, o delegado Gabriel Munhoz determinou a prisão em flagrante de Miguelito por injúria racial, crime previsto na Lei nº 7.716/89, com pena máxima de cinco anos de reclusão.
A Polícia Civil destacou que as imagens da transmissão oficial não captaram a ofensa, pois Miguelito estava de costas para as câmeras. Mesmo assim, os relatos de Allano e Jacy foram considerados suficientes para a prisão. O Operário informou que busca imagens adicionais para corroborar a denúncia.
Reação dos Clubes e da CBF
O Operário Ferroviário emitiu uma nota oficial repudiando “com veemência qualquer ato de racismo” e prometeu apoio total a Allano. O clube lamentou a retomada da partida sem alterações, mesmo com o protocolo antirracismo acionado.
O América-MG, por sua vez, classificou as acusações como “infundadas”. Em nota, o presidente do Conselho de Administração, Alencar da Silveira Júnior, afirmou que, após análise interna, não foi identificado qualquer gesto ou declaração discriminatória por parte de Miguelito. O clube presta assistência jurídica ao jogador.
A CBF informou que o protocolo antirracismo foi seguido, mas não se pronunciou oficialmente sobre o caso até o momento. A denúncia foi registrada na súmula da partida, embora o árbitro tenha relatado que a equipe de arbitragem não presenciou o incidente.
Liberação após audiência de custódia
Na tarde de segunda-feira, 5 de maio de 2025, Miguelito foi liberado após passar por uma audiência de custódia. O jogador, que permaneceu detido até a audiência, responderá ao processo em liberdade. O inquérito policial deve ser concluído nos próximos dias, com a Polícia Civil ainda buscando imagens que possam confirmar a ofensa.
A liberação de Miguelito gerou debates nas redes sociais, com torcedores e ativistas cobrando punições rigorosas para casos de racismo no futebol. O caso pode resultar em processos nas esferas criminal e desportiva, com possível julgamento pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).