A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) emitiu um alerta nesta sexta-feira (24) sobre a baixa adesão à vacina contra a dengue, disponível para um público restrito em 1.921 municípios brasileiros. De acordo com o Ministério da Saúde, apenas 50% das doses distribuídas foram aplicadas até o momento.
Desde o início da campanha de vacinação em fevereiro de 2024, foram distribuídas 6.370.966 doses da vacina Qdenga, mas apenas 3.205.625 foram aplicadas até 20 de janeiro de 2025, segundo a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS).
Cenário Alarmante de Casos e Mortes
O Brasil registrou um número recorde de casos de dengue em 2024, com 6.629.595 casos prováveis e 6.103 mortes confirmadas. Outros 761 óbitos ainda estão em investigação. Em 2025, os dados continuam preocupantes, com 101.485 casos prováveis e 15 mortes já confirmadas.
Vacina Segura, Mas com Público-Alvo Restrito
A vacina Qdenga, desenvolvida pelo laboratório japonês Takeda Pharma e aprovada pela Anvisa, começou a ser distribuída na rede pública em fevereiro de 2024. No entanto, devido à capacidade limitada do fabricante, o imunizante está disponível apenas para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, grupo com alto índice de hospitalizações por dengue.
O esquema de vacinação prevê duas doses, com intervalo de 90 dias entre elas. Caso esse prazo seja perdido, a SBIm reforça que não é necessário reiniciar o esquema vacinal – a segunda dose pode ser aplicada normalmente.
Brasil Foi o Primeiro País a Oferecer a Vacina na Rede Pública
A presidente da SBIm, Mônica Levi, lamenta a baixa adesão à vacina e reforça sua segurança e eficácia. Segundo ela, o Brasil foi o primeiro país a oferecer a Qdenga na rede pública, e o imunizante já foi aprovado também na Europa, Argentina e diversos países asiáticos.
A especialista reforça a importância de completar o esquema vacinal para garantir proteção prolongada:
“A segunda dose é essencial para uma proteção mais duradoura, de pelo menos quatro anos e meio.”
Produção Nacional Pode Ampliar a Disponibilidade
O Instituto Butantan anunciou, em 22 de janeiro, o início da produção da sua própria vacina contra a dengue, batizada de Butantan-DV. No entanto, a vacina ainda precisa da aprovação da Anvisa, e a ministra da Saúde, Nísia Trindade, acredita que não haverá vacinação em massa em 2025.
Prevenção Ainda É a Principal Estratégia Contra a Dengue
Diante da baixa disponibilidade da vacina, o Ministério da Saúde reforça que a prevenção e o combate ao Aedes aegypti continuam sendo as principais estratégias do governo.
Entre as ações implementadas estão:
✔ Plano de Ação para Redução da Dengue e Outras Arboviroses
✔ Controle vetorial do mosquito com uso da tecnologia Wolbachia
✔ Estações Disseminadoras de Larvicidas (EDLs) em áreas de difícil acesso
✔ Técnica do Inseto Estéril (TIE-Irradiado) para conter a reprodução do mosquito
✔ Borrifação residual em locais com grande circulação de pessoas
✔ Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE) para monitoramento das arboviroses
Retorno do Sorotipo 3 da Dengue Aumenta Risco de Novas Epidemias
O alerta da SBIm também ocorre em meio à preocupação com a reintrodução do sorotipo 3 (DENV-3) do vírus da dengue, que não circulava predominantemente no Brasil desde 2008. Com isso, grande parte da população está suscetível a infecções graves, aumentando o risco de novas epidemias.