Haddad

Gostou do pacotão do Haddad?

Foto: Reprodução

O mercado teve reações mistas ao pacote de ajuste fiscal apresentado pelo ministro Fernando Haddad. A confirmação de uma economia de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos foi vista com bons olhos por muitos analistas. No entanto, a proposta de isentar do Imposto de Renda (IR) salários de até R$ 5 mil gerou críticas. Para investidores e economistas, a medida desvia o foco da disciplina fiscal, comprometendo o ajuste necessário para equilibrar as contas públicas.

Por que a isenção do Imposto de Renda foi criticada?
A proposta, que cumpre uma promessa de campanha do presidente Lula, teve forte apelo popular, mas foi vista como uma concessão arriscada do ponto de vista fiscal. Economistas alertam que a medida pode custar pelo menos R$ 45,8 bilhões ao governo e, sem uma compensação eficiente, aumentaria o déficit fiscal. Apesar de provável aprovação no Congresso, a ausência de detalhamento sobre as contrapartidas gera incertezas.

 Como o governo pretende compensar a isenção do IR?
Para compensar as perdas, o governo propôs aumentar a taxação sobre rendas acima de R$ 50 mil por mês. O ministro Haddad afirmou que, com essa medida, a mudança não impactaria o orçamento fiscal. Contudo, especialistas como Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos, destacam que a falta de detalhes sobre a proposta levanta dúvidas quanto à sua viabilidade e impacto.

Qual é o impacto das medidas no cenário fiscal e econômico?
Embora o corte de R$ 70 bilhões seja significativo, analistas afirmam que ele é insuficiente para reduzir a relação dívida/PIB. Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, calcula que seria necessário contingenciar ao menos R$ 20 bilhões adicionais para cumprir as metas de 2025. Para ele, o superávit primário precisa ser substancialmente maior para garantir a sustentabilidade da dívida pública no longo prazo.

O que foi anunciado sobre a reformulação do salário mínimo?
O ministro Haddad revelou que o governo trabalha em uma proposta para reformular as diretrizes de correção do salário mínimo, garantindo aumentos reais acima da inflação de forma sustentável. A política baseia-se no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e na variação do crescimento econômico de dois anos antes. Atualmente, o salário mínimo é de R$ 1.412, e o governo pretende limitar o aumento real ao teto de crescimento das despesas públicas, fixado em 2,5%.

As medidas são suficientes para atingir as metas fiscais?
A meta de déficit zero para 2024 e 2025 ainda parece distante com as ações propostas. Segundo Felipe Salto, economista-chefe da Warren Rena, as medidas atuais não garantem um ajuste fiscal robusto. O pacote de R$ 70 bilhões cobre parte das demandas imediatas, mas não resolve o problema estrutural das contas públicas. Novos ajustes serão inevitáveis para equilibrar receitas e despesas.

Qual a avaliação dos especialistas sobre a progressividade das medidas?
Apesar das críticas, economistas como André Roncaglia, diretor-executivo do FMI no Brasil, destacam que o pacote traz elementos progressivos, como a maior tributação sobre altos salários e a limitação de supersalários no funcionalismo público. Ele aponta que, embora o mercado deseje cortes mais profundos, as medidas buscam uma maior justiça fiscal, favorecendo os mais vulneráveis.

Como os mercados financeiros reagiram ao anúncio?
Os mercados reagiram de forma negativa. O dólar subiu 1,80%, encerrando a R$ 5,91, o maior valor de fechamento da história. Já o Ibovespa caiu 1,73%, atingindo 127.669 pontos. A notícia da isenção ampliada do IR contribuiu para esse cenário de incerteza, elevando a volatilidade nos mercados.

Qual o contexto atual da tabela do IR e o impacto da mudança?
Atualmente, estão isentos de IR os trabalhadores com rendimentos até R$ 2.259,20. Com a isenção proposta para salários até R$ 5 mil, um número muito maior de contribuintes deixará de pagar o imposto. Essa ampliação beneficia especialmente as faixas de renda mais baixas, mas gera um desafio fiscal considerável.

Quais são as expectativas para o futuro das políticas fiscais e salariais?
Economistas acreditam que o governo terá de adotar novas medidas para alcançar suas metas. Além do ajuste fiscal, a reformulação da política de valorização do salário mínimo será crucial para manter a trajetória de crescimento sustentável. Enquanto o governo busca equilibrar justiça social e disciplina fiscal, o sucesso das propostas dependerá de detalhamentos e negociações políticas eficazes.

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