A disputa eleitoral para a prefeitura de Curitiba revelou algo que nenhum marqueteiro ou estudioso da política conseguiu observar antes do início da campanha. A aprovação sugerida nas pesquisas de mais de 70% da gestão do prefeito Rafael Greca parece ter sido confundida com a possível transferência de votos que isso poderia produzir, e então, colar o candidato Eduardo Pimentel no atual prefeito, como uma espécie de “seu filho” político, traria votos e a garantia da continuidade da gestão. Algo falhou. E, persistir nessa estratégia passou a ser um problema dentro da campanha de Pimentel para o segundo turno.
O empate no primeiro turno com uma candidata desconhecida e que apresentou a Justiça Eleitoral custo de campanha inferior a 300 mil reais, contra 12 milhões do candidato da máquina, mexeu com a estrutura política do Centro Cívico. Agora, diante de um quadro eleitoral sem precedentes, a conhecida relação do prefeito Rafael Greca com a esquerda, traduzida por ele próprio através de inúmeros elogios públicos ao presidente Lula e seus ministros, passou a pesar na sequência da campanha de Eduardo Pimentel e se tornou um “calo no sapato” para quem administra a coordenação da campanha eleitoral.
Do outro lado da trincheira está uma candidata que não cansa de se mostrar como a representante da “Direita” curitibana e explora toda essa relação de Rafael Greca com a Esquerda. Inclusive, ela mesmo já jogou no colo de Pimentel os votos dos eleitores da Esquerda. Isso poderia ser positivo, já que o candidato da Esquerda, Luciano Ducci, fez 20% dos votos no primeiro turno e esse eleitorado garantiria a vitória para Pimentel. Porém, ficar escancarado ou marcado esse apoio da ala progressista para Eduardo, pode ser perigoso numa cidade que mostra a cada eleição ser majoritariamente contra a Esquerda. O problema para a candidata é que ela não tem cacife para se eleger sem votos da esquerda que hoje atribui ao adversário.
Dois dias após o resultado do primeiro turno, que foi surpreendente para grande maioria, promoveram-se mudanças na coordenação política e de comunicação da campanha de Eduardo Pimentel. Inclusive, saiu do ar o Slogan “Eduardo Preparado”, trocado por “Curitiba Unida e Pra Frente”. Sinais de que a própria campanha de Pimentel entende a necessidade de criar algo novo pro eleitor.
Já Cristina Graeml, que terá muito mais tempo de exposição do que teve no primeiro turno, vai enfrentar o desafio de mostrar que tem conteúdo. E já vem sendo provocada a isso pelo adversário. Resta saber se o eleitor está mesmo interessado em proposta de governo ou espetáculo. Em conhecimento da cidade ou defesa de ideologia. Qual é a campanha que vai captar o melhor engajamento nessas próximas duas semanas.
