Jornal do Povo Paraná

1 em cada 5 trabalhadores da indústria está em risco de ansiedade

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Trabalhadores na indústria e o Setembro Amarelo

A saúde emocional dos colaboradores é um aspecto essencial na prevenção de acidentes de trabalho, especialmente em ambientes industriais, onde as condições de trabalho são muitas vezes desafiadoras. Dados recentes de um estudo realizado pela Mindus by Moodar com 2.143 participações da indústria entre 2020 e 2024 revelou que 18,34% dos participantes estão em risco de ansiedade. Esse dado é particularmente alarmante, pois a ansiedade pode ser um fator significativo na ocorrência de erros humanos, que muitas vezes resultam em acidentes de trabalho.

Essa tendência revela a necessidade de intervenções para prevenir que esses colaboradores cheguem a um ponto crítico, onde a ansiedade possa comprometer sua segurança e produtividade. Ela ressalta a importância de focar na saúde mental como parte das estratégias de segurança do trabalho. Assim, as empresas podem desenvolver programas de suporte emocional e práticas que visem melhorar o bem-estar dos trabalhadores.

Qual o impacto da ansiedade na segurança do trabalho?

A ansiedade é uma resposta natural do corpo a situações de estresse, caracterizada por sentimentos de preocupação, apreensão e nervosismo. Quando se torna crônica, pode evoluir para um transtorno de ansiedade, afetando significativamente o bem-estar e a capacidade de concentração de um indivíduo. No ambiente de trabalho, especialmente em indústrias, a ansiedade pode ter um impacto direto na segurança dos colaboradores.

Pessoas que sofrem de ansiedade tendem a ter dificuldades em focar suas tarefas, tomar decisões rápidas e lidar com situações inesperadas, todas habilidades necessárias para a prevenção de acidentes no local de trabalho.

Bárbara Medeiros Lippi, cofundadora da Moodar e Mestre em Neurociência, atua diretamente na área de Pesquisa e Desenvolvimento dos produtos e ações da empresa. Segundo Lippi, “a ansiedade pode aumentar significativamente a ocorrência de erros humanos, como lapsos de atenção, esquecimentos e falhas na comunicação”, fatores frequentemente responsáveis por acidentes de trabalho.

Em indústrias onde os colaboradores lidam com máquinas pesadas ou realizam tarefas de alta precisão, esses lapsos podem ter consequências graves. “Um simples momento de desatenção pode colocar em risco não apenas a vida dos trabalhadores, mas também a integridade do ambiente de trabalho”, explica Lippi.

Além disso, a profissional destaca que a ansiedade pode comprometer a resposta dos trabalhadores em situações de emergência, afetando sua capacidade de seguir protocolos de segurança. “Em momentos críticos, a ansiedade pode impedir que o colaborador tome as ações necessárias para evitar acidentes”, completa a especialista.

Por isso, ela reforça que é essencial que as empresas reconheçam os sinais de ansiedade em seus colaboradores e implementem medidas de suporte à saúde mental. Isso inclui programas de apoio psicológico, treinamento em gestão de estresse, aplicação de DDS focados no tema e a promoção de um ambiente de trabalho que priorize a cultura de segurança.

Quala relevãnmcia do Setembro Amarelo na saúde mental no trabalho?

Estes dados revelados pela pesquisa, que mostram o risco de ansiedade entre colaboradores do setor industrial, sublinham a importância crítica da saúde mental no ambiente de trabalho. Com o Setembro Amarelo, mês dedicado à prevenção do suicídio, torna-se imperativo para as indústrias refletirem sobre o impacto desses números.

A saúde mental tem uma relação direta com a segurança no trabalho, pois trabalhadores que enfrentam altos níveis de ansiedade são mais suscetíveis a cometer erros, aumentando o risco de acidentes graves. O Setembro Amarelo, portanto, não deve ser apenas um período de conscientização, mas um chamado à ação para implementar medidas concretas que protejam a saúde mental dos colaboradores e, consequentemente, a segurança no ambiente de trabalho.

A urgência de mitigar os riscos de acidentes na indústria através de um foco maior na saúde mental não pode ser subestimada. As empresas precisam adotar práticas e criar um ambiente onde os colaboradores se sintam valorizados e seguros para expressar suas preocupações sem medo. Ao conectar esses dados preocupantes com ações concretas durante o Setembro Amarelo, as indústrias podem não apenas prevenir suicídios, mas também reduzir significativamente o número de acidentes de trabalho relacionados ao estado emocional dos trabalhadores.

Quais os desafios da indústria e ações necessárias para a promoção da saúde mental? 

As indústrias enfrentam grandes desafios ao tentar proporcionar um ambiente de apoio e acolhimento no local de trabalho. A cultura corporativa tradicional, focada em produtividade e resultados, muitas vezes deixa de lado a necessidade de um espaço para diálogos abertos sobre o bem-estar emocional. A pressão constante por metas, aliada ao ambiente de trabalho muitas vezes intenso e físico, dificulta a implementação de políticas que priorizem a saúde mental dos colaboradores. Além disso, a falta de treinamentos adequados para líderes e gestores sobre como identificar sinais de ansiedade e estresse agrava ainda mais essa barreira, criando um ambiente onde os trabalhadores podem não se sentir seguros para compartilhar suas dificuldades. Para superar esses desafios, é necessário criar uma cultura de empatia, onde a saúde emocional também seja tratada como prioridade, e proporcionar ferramentas adequadas para apoiar os colaboradores de forma contínua e preventiva.

O que fazer para não perder a sanidade?

Para promover a saúde mental nas indústrias, é essencial adotar uma abordagem ampla que inclua práticas preventivas e suporte contínuo aos colaboradores. Os Diálogos Diários de Segurança são uma ferramenta valiosa nesse contexto, pois permitem discussões regulares sobre temas de saúde mental, criando um ambiente de apoio no qual os trabalhadores podem expressar suas preocupações sem medo de represálias. Ao abrir espaço para o diálogo e promover uma cultura de segurança emocional, os DDS ajudam a identificar desafios enfrentados pelos colaboradores, permitindo que a empresa adote ações preventivas e eficazes.

Outra medida eficaz é oferecer terapia e suporte psicológico, seja individual ou em grupo, para prevenir o agravamento de problemas emocionais que possam afetar o desempenho e a segurança dos trabalhadores. Um ambiente de trabalho saudável também é crucial para o bem-estar, incluindo a criação de espaços de descanso, políticas de flexibilidade e incentivo à prática de atividades físicas. Essas iniciativas ajudam a reduzir o estresse e aumentar a satisfação dos colaboradores, resultando em maior produtividade e um ambiente mais equilibrado.

Implementar essas ações não só melhora o bem-estar dos colaboradores, mas também contribui para a redução de acidentes de trabalho. Ao adotar uma abordagem holística e preventiva, as indústrias podem criar um ambiente de trabalho mais seguro, produtivo e harmonioso.

Sendo assim, é necessário alertar as indústrias sobre a necessidade de implementar medidas preventivas eficazes para mitigar os riscos à saúde mental e, consequentemente, à segurança dos trabalhadores. Ao compreender e agir sobre esses dados, as empresas podem não apenas melhorar o bem-estar de seus colaboradores, mas também fortalecer a cultura de segurança em suas operações, reduzindo incidentes e criando um ambiente de trabalho mais seguro e saudável para todos.

Imagem: Reproução
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