Caminhões novos, no mesmo padrão daqueles que circulam nos Estados Unidos e Europa, seriam uma realidade distante para as estradas brasileiras? Como está a frota de caminhões no Brasil? O governo federal está tentando criar um novo programa justamente para renovar toda (ou grande parte) da frota de veículos pesados, para que veículos com mais de 20 anos deixem de circular. Mas será que essa mudança pode acontecer de verdade? A Rede Pedro Pelanda vai tentar descobrir. Vamos nessa?
Caminhões velhos são problemas?
O problema, na visão do governo federal, é que esses veículos mais antigos são mais poluentes, nem sempre estão em boas condições e as peças de reposição estão ficando cada vez mais difíceis de serem encontradas.
Renovar veículos pesados, como caminhões e ônibus, também é importante para promover a descarbonização do setor e trazer veículos com melhor desempenho para as estradas.
Mas isso já não tinha começado ano passado?
Quase isso. No ano passado, já houve essa tentativa, mas deu em nada. Na época, foi anunciado que haveria uma concessão de R$ 700 milhões, mas o programa falhou e apenas R$ 130 milhões foram utilizados. Esse valor foi divulgado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), mostrando que o caminho foi mal organizado.
A nova proposta: será diferente?
Esta nova tentativa, que ainda não tem uma data para começar, pretende ser mais estruturada, melhor divulgada em novas metas, condicionantes e fontes de financiamento. O próprio governo federal sinalizou para dirigentes da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) que tal iniciativa poderia ser permanente, ou seja, sem prazo final. O setor ficou animado, mas nada progrediu desde então.
O que deu errado antes?
Um dos pontos é encontrar a fonte de recursos para relançar o programa. Mesmo com a medida provisória (MP) do ano passado, a maioria do dinheiro que seria destinada para os caminhões ficou encalhada justamente pelo prazo desta MP – publicada no início de junho de 2023 com duração de apenas quatro meses. Ou seja, não houve tempo suficiente para o programa caminhar.
No entanto, muitos profissionais autônomos não conseguiram se beneficiar deste programa por questões financeiras mesmo, como apontou recentemente o presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim.
Na prática:
- Havia crédito, mas não havia condições para pagar o novo veículo, ou seja, baixo acesso a financiamentos por parte dos caminhoneiros.
- Falha na comunicação sobre o programa.
- Tempo curto para se adequar ao programa.
O que está em jogo com essa renovação?
Tem um estudo da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) sobre esse assunto:
- Temos aproximadamente 500 mil caminhões com mais de 25 anos no Brasil.
- Os custos para o poder público com acidentes causados pelos veículos antigos e sem manutenção, chega fácil a R$ 62 bilhões por ano, contando com gastos em saúde por problemas causados pela fumaça poluente de motores antigos.
Uma coisa é certa: ter um caminhão novo significa ter mais custos. Estamos falando que o valor do frete não vai mudar devido a um caminhão novo, então a fonte de renda seguirá no mesmo patamar. A discussão ainda precisa evoluir, mas o lado financeiro realmente pesa para a aquisição de um novo caminhão – mesmo mediante programas governamentais.
Mas um novo programa vai ser criado. Resta esperar e ver quais serão essas condições, quem poderá participar e se as condições serão realmente benéficas.
Independente do ano e modelo de caminhão, todos os caminhoneiros são bem-vindos nos postos da Rede Pedro Pelanda! Venha tomar um café com a gente e discutir sobre esse assunto: o Brasil está preparado para renovar sua frota de caminhões?