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A história da dona de casa Iraci de Oliveira Ferri virou símbolo de Jesuítas, no Oeste do Paraná, e ganhou ainda mais significado neste Dia Mundial da Água, celebrado nesta quarta-feira, 22 de março. Foi ela que, mãos espalmadas em sinal de devoção e lágrimas nos olhos, agradeceu aos céus a água que jorrava com intensidade no quintal de casa em uma cena que viralizou nas redes sociais da região. “Obrigada!”, dizia. A graça era resultado de um poço artesiano instalado pelo Governo do Estado na comunidade Itaguagé em dezembro de 2020.
Sem a necessidade de fazer um calendário do “dia sim, dia não” do abastecimento, ela ajudou a ampliar os negócios da família, que diversificou e aumentou a quantidade de picolés e sorvetes fabricados na pequena indústria caseira. Nos dias de muito sol, não é estranho ver filas em frente à propriedade em busca de um refresco para o calor. “Eu chorei quando a água saiu do poço pela primeira vez, quase tive um treco. Agradeci a Deus e Nossa Senhora Aparecida. Ter essa água é uma bênção”, afirma Iraci.
A cidade tem 8.251 habitantes (estimativa do IBGE) e é um exemplo de um trabalho contínuo do Governo do Paraná nessa área. A cena que colocou fim à agonia de décadas da dona de casa se repete desde 2019. Gente que passou a vida dependendo de rios, minas e caminhões-pipas para ter o mínimo de água na torneira virou a prioridade. De acordo com o Instituto Água e Terra (IAT), responsável pelo programa, 572 sistemas foram perfurados no Estado em 199 municípios, beneficiando cerca de 25 mil pessoas, um investimento de R$ 6,5 milhões.
A previsão é da abertura de mais 450 poços nos próximos três anos, com aplicação de R$ 5,2 milhões. O IAT é vinculado à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável (Sedest).
“É um grande projeto, que leva uma solução definitiva para essas pessoas. O Estado busca colaborar com o desenvolvimento, mas sem esquecer o cuidado com quem produz no Paraná”, afirma o governador Carlos Massa Ratinho Junior. “É uma união de esforços para melhorar a vida das pessoas e aumentar a nossa capacidade de produzir”.
É o caso do agricultor Paulo Sérgio Galeriani, também de Jesuítas, mas da comunidade da Estrada Tóquio. Ele planta soja, milho e cria “umas vaquinhas de leite”, o suficiente para viver sem percalços, o que não acontecia na época em que ter um poço artesiano na região não passava de um sonho distante. “Era um sofrimento danado, foram uns 25 anos puxando água do rio com bombas. Um dia tinha água, o outro não tinha. Agora ficou bom demais, coisa de outro mundo”, conta.
Secretário municipal da Indústria e Comércio, Hermano Rocha Cavalcanti lembra que a chegada da água de qualidade às comunidades rurais trouxe ganhos paralelos à Jesuítas. “O povo aqui bebia água de mina, que era em pouca quantidade e muitas vezes contaminada. Isso desencadeava uma série de doenças. Agora, com esse projeto de poços artesianos do Governo do Estado, a água é potável, as pessoas têm mais qualidade de vida e acabam dependendo menos ao posto de saúde”, destaca.
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A cidade de Mamborê, no Centro-Oeste paranaense, de 12.900 habitantes, ganhou cinco sistemas nos últimos anos. O poço obrigou a comunidade Vitor Mendes a se organizar. Uma associação foi criada para legislar e administrar a pequena companhia de água. As 14 famílias pagam R$ 25 por mês para usufruir do equipamento, com direito a 30 mil litros. Quem exceder o volume, paga mais R$ 25, garantindo outros 30 mil litros.
O recurso originado pela taxa vai direto para uma conta poupança e é usado em caso de necessidade, para manutenção dos equipamentos. “Se passar desse consumo por mês, de 60 mil litros, a família é multada porque precisa aprender a usar a água de modo racional. Mas graças a Deus nunca precisamos multar ninguém”, afirma o presidente da associação de moradores, Reginaldo de Oliveira da Silva. “O que a gente sofria não está escrito. O dia que não tinha água, por exemplo, o pessoal ficava sem banho ou tinha de ir até o rio para se levar”.
Caminho até o rio que era constante na vida do agricultor Olivio Mendes de Oliveira. Pegou o trecho por mais de 60 anos. À cavalo, ele percorria as trilhas rurais para buscar água. Voltava carregado com galões que serviam para matar a sede da pequena criação de galinhas, porcos e carneiros. Só parou no dia em que o poço foi instalado na comunidade, no fim de 2021. “Nasci e fui criado aqui no Vitor Mendes, fazíamos de um tudo para ter um pouco de água. Agora é só alegria. Dá para tomar dois, três banhos por dia”, diz.
“Acompanho essa comunidade há 22 anos. Na época de seca, não havia água de jeito nenhum. Esse povo sofreu demais”, recorda o diretor de Planejamento e Infraestrutura de Mamborê, Carlos Coelho.