Jornal do Povo Paraná

Audiodescrição garante acesso de pessoas com deficiência visual a mostra de cinema

00155927Uma sessão de filme brasileiro gratuita. Mas não uma sessão qualquer. Nesta terça-feira (18), a Cinemateca de Curitiba utilizou a audiodescrição para apresentar a um público formado por pessoas com deficiência visual um dos filmes da 9ª Mostra Cinema e Direitos Humanos no Hemisfério Sul, que termina nesta quarta-feira (19). Utilizando um fone acoplado a um mini-sensor que faz a narrativa do filme, o grupo assistiu a “Hoje eu quero voltar sozinho”, do diretor Daniel Ribeiro, indicado para representar o Brasil na disputa pelo Oscar 2015 de melhor filme em língua estrangeira.

“A audiodescrição é um diferencial, é como se estivéssemos dentro da cena”, disse Gabrieli Aparecida Vieira, de 17 anos, tem não tem visão desde que nasceu. “Foi uma boa oportunidade de acesso à cultura, importante para que a gente possa interagir com as pessoas ao nosso redor.”

A acessibilidade foi uma questão tratada com cuidado na programação da mostra, que além de filmes com audiodescrição, incluiu 34 filmes legendados (recurso closed caption), para permitir o acesso de pessoas com deficiência auditiva.

“O filme foi interessante, diferente. Mostrou que cada um tem direito a fazer as suas escolhas e não deve sofrer preconceito por isso”, disse Laura Aparecida Kaiser dos Santos, de 14 anos, que também tem deficiência visual.

De acordo com o coordenador de Políticas Públicas e Direitos da Secretaria Especial dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Manoel Negraes, o acesso à cultura sempre foi uma luta para as pessoas com deficiência. “A mostra cumpriu um papel histórico, que foi o de garantir acesso à cultura gratuitamente, em igualdade de condições, e ainda provocando esse público a se insetir na questão dos direitos humanos” disse Negraes.

“Dar acesso total às pessoas com deficiência em eventos culturais é a maior demonstração de que Curitiba busca garantir à sua população todos os direitos, incluindo o direito à cultura” disse o coordenador da assessoria municipal de Direitos Humanos, Igo Martini.

Diele Pedrozo Santo, coordenadora do Programa Ver Com as Mãos, avalia a mostra como um avanço. “Acredito que é um pequeno passo para que a audiodescrição esteja em outros espaços e eventos da cidade”, destacou Diele.

Filmes

Quatro filmes foram exibidos com audiodescrição, entre eles Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, que conta a história de Leonardo, um adolescente cego que tenta lidar com a mãe superprotetora ao mesmo tempo em que busca sua independência. Quando Gabriel chega na cidade, novos sentimentos começam a surgir em Leonardo, fazendo com que ele descubra mais sobre si mesmo e sua sexualidade.

Para o estudante João Victor Ferreira, o filme Hoje Eu Quero Voltar Sozinho foi marcante. “Além de ser um filme crítico e com belo roteiro, fico feliz em saber que é mais um passo para a acessibilidade em Curitiba”, disse Ferreira.

Outra obra que chamou atenção foi o curta Sophia. Na busca por entender melhor o universo de Sophia, Joana, mãe dedicada, passa por belíssimas experiências sensoriais. Uma singela história de amor cercada de poesia visual e sonora.

A mostra foi promovida pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e integra a programação do Mês da Consciência Negra e dos Direitos Humanos, organizada pela Assessoria de Direitos Humanos da Prefeitura de Curitiba com o apoio da Fundação Cultural de Curitiba e de outras secretarias municipais.

Fonte: PMC

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