Jornal do Povo Paraná

Autoexame simples ajuda a diagnosticar doenças da tireoide

Foto: Sxc, Divulgação
Foto: Sxc, Divulgação

De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo têm alguma doença ligada à tireoide. Uma maneira de a própria pessoa procurar detectar se a tireoide está aumentada é o autoexame, que é facilmente realizado com um copo de água e um espelho.

Mauro Scharf, diretor médico e endocrinologista do Laboratório Frischmann Aisengart, revela que o autoexame tem a finalidade de identificar anormalidades, mas não exclui a necessidade de consultar regularmente o médico. “Uma visita ao médico é imprescindível”, afirma. Ele reforça que os autoexames, em geral, são uma maneira de o paciente auxiliar o médico no diagnóstico precoce, fundamental para a cura de determinadas doenças.

Scharf explica que o autoexame da tireoide deve ser feito por meio das seguintes etapas:

– Segure um espelho em frente ao pescoço, na direção da localização da tireoide, com a outra mão segure um copo com água.

– Estenda a cabeça para trás como se fosse olhar para o teto, mas de forma que possa ver o pescoço no espelho e beba um gole de água.

– Ao engolir, observe, na região da projeção da tireoide, se há alguma elevação ou saliência.

– Caso algum nódulo ou elevação localizada seja percebido, um endocrinologista deve ser procurado para uma avaliação mais detalhada.

Scharf lembra que algumas pessoas tentam fazer o autoexame palpando o pescoço na região da tireoide. No entanto, este procedimento não é aconselhável, já que é necessária muita experiência para se detectar alterações deste modo. “É melhor deixar que o médico faça esse procedimento”, reforça.

O endocrinologista ressalta que o autoexame tem a finalidade de identificar o aumento do volume da glândula ou a presença de nodulações evidentes e que, entretanto, não há correlação direta com o estado funcional da glândula. “Portanto, não exclui a necessidade de consultar regularmente o médico, bem como da eventual realização de exames laboratoriais e de imagem (ultrassonografia)”, afirma.

O que é a tireoide

A tireoide é uma glândula endócrina, isto é, que produz hormônios. Ela tem o formato semelhante a uma borboleta e se localiza na parte anterior do pescoço. Os principais hormônios produzidos pela tireoide são o T3 triiodotironina, e, principalmente, o T4 ou tiroxina. Para que esses sejam produzidos em quantidade suficiente, a tireoide é estimulada por um hormônio produzido por outra glândula, a hipófise, que se localiza na base do cérebro. Por ter este efeito estimulatório, esse hormônio chama-se Hormônio Estimulador da Tireoide e é conhecido pela sigla TSH, do Inglês Thyroid Stimulating Hormone.

Esses hormônios, em condições normais, controlam-se mutuamente. Se a produção de T3 e T4 pela tireoide diminui, o TSH aumenta para que o nível desses hormônios se mantenha estável. Por outro lado, quando a produção de T3 e T4 aumenta, o TSH cai para a produção voltar ao normal. Assim, os níveis de todos os hormônios são mantidos dentro de um uma faixa de valores considerada normal e oscilações periódicas dentro desta faixa são esperadas para que se mantenha o equilíbrio entre estes hormônios. No entanto, quando há algum fator ou doença que leve a um desequilíbrio desse controle, esses hormônios se alteram no sangue. Como o TSH reflete melhor as disfunções tireoidianas é ele o mais solicitado pelos médicos quando querem avaliar o funcionamento da tireoide.

As doenças da tireoide mais comuns são o hipotireoidismo (diminuição da produção de T3 e/ou T4), hipertireoidismo (aumento da produção de T3 e/ou T4, bócio difuso (aumento de toda a tireoide), bócio nodular (presença de um ou mais nódulos), inflamações e infecções. “Essas alterações podem ocorrer separadamente ou em conjunto. Por exemplo, é comum que o hipotireoidismo e o hipertireoidismo venham acompanhados de bócio”, descreve Scharf.

O diagnóstico é feito pela história clínica (anamnese), exame físico realizado pelo médico e exames complementares específicos. Para avaliar se existe uma disfunção, os exames mais frequentemente solicitados pelo endocrinologista são o TSH, isoladamente, ou junto com o T4 livre. Em alguns pacientes pode ser necessária a dosagem de anticorpos antitireoidianos. Existem outros exames, como T4 total, T3 livre, T3 total, tireoglobulina, calcitonina etc, que estão disponíveis e são solicitados pelo médico em situações específicas.

A ultrassonografia, também utilizada no diagnóstico, caracteriza bem o tamanho e as especificações dos nódulos tireoidianos, identificando muitos que não são palpados ao exame físico. “É um instrumento que tem auxiliado bastante aos médicos na avaliação complementar, e é útil para guiar as biópsias dos nódulos, quando necessário”, diz o especialista.

Tratamento

O tratamento do hipotireoidismo é feito com a reposição de hormônio tireoidiano, iniciando-se com doses pequenas até atingir uma dose que é individualizada para cada pessoa. O hipertireoidismo pode ser tratado com medicações que diminuem a produção dos hormônios tireoidianos, como iodo radioativo, ou com cirurgia.

Os portadores de nódulos devem ser acompanhados periodicamente por meio de exames complementares (ultrassom, ultrassom doppler e/ou punção) e/ou submetidos a um procedimento cirúrgico para retirada de toda ou parte da tireoide. “A melhor conduta será orientada pelo médico após avaliação personalizada. Outras modalidades de tratamento, menos utilizadas, são o iodo radioativo e injeções de álcool dentro do nódulo”, finaliza Scharf.

Fonte: Talk Comunicação

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